O MATUTO E O CANDIDATO...

O MATUTO E O CANDIDATO...

Doutor eu vim de uma terra

Aonde a pobreza é tanta

Que dá um nó na garganta

Ao falar do meu Pé-de-Serra

Aonde o sol é tão quente

E a seca ingrata castiga

A fome invade a barriga

E sem ter o que comer

É difícil de viver

Doutor, numa região

Onde se passa um tempão

Sem plantar e sem colher

O sertanejo se curva

Ajoelha-se pedindo chuva

Mas nunca ele ver chover

Ah! Doutor quanta amargura

Enfrenta a mãe sertaneja

Que fica no ora veja

Na hora de alimentar

Sem ter com que, a sua prole

E sem alguém que console

Essa pobre criatura

Pois todos vivem as agruras

Sofrendo a mesma aflição

O doutor não tem noção

Do tamanho do sofrimento

Dos famintos e sedentos

Das entranhas do sertão

Porque doutor os senhores

A esses só dão valores

Em época de eleição

Chegam alegres e sorridentes

Faz promessa aperta a mão

E até se sentam no chão

Pra conosco prosear

Dizendo se eu for eleito

Em tudo eu vou dá um jeito

E acabo a desolação

Conserto sua casinha

Vai ter feijão e farinha

Carne leite e macarrão

Fartura vai ter de sobra!!!

É só o bote da cobra

É o laço da traição

Querendo colher o fruto

Do voto desse matuto

No dia da votação

Quando passa a eleição

Ninguém mais ver o doutor

E o pobre agricultor

Que a ele deu atenção

Olha pra o céu e pra o chão

Alimentando a esperança

Mas enquanto o tempo avança

O doutor não volta mais

E pensando volta atrás

Lembra a promessa e lamenta

Enquanto a fome aumenta

E com ela os desenganos

Vão de água abaixo os planos

Continua um sofredor

E só volta a ter valor

Daqui a mais quatro anos

CARLOS AIRES, 17/10/2008

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Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 17/10/2008
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1234067
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