MESTRE GALO E A COMADRE ONÇA
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Recontando Contos Populares
Certo dia, a comadre Onça resolveu dar uma festa e convidou todos os bichos da região. O pagode devia começar ao primeiro sinal da manhã, e nessa hora, todos os convidados deveriam estar presentes.
Entre a bicharada o comentário é de que a festa seria de arromba, a melhor de que havia notícia até aquela data.
Chegando o dia do evento, a mata estava no maior burburinho. Nenhum dos bichos queria faltar ao convite, nem perder a hora.
A primeira luz do dia a casa da comadre Onça estava tão entupida de bicho que até parecia um formigueiro. Ninguém faltara, a não ser Mestre Galo. Tinha esquecido completamente do convite.
Não demorou muito para que a ausência do galo fosse notada. A Comadre se enfureceu, achou que aquilo era pouco caso sem desculpa, além de que, poderia arruinar sua majestade. Então, chamou a raposa e o gambá e lhes ordenou que fossem buscar o galo a sua presença.
Quando a escolta chegou ao galinheiro, pôs a galinhada em polvorosa e o Mestre Galo despertou sobressaltado, no poleiro.
— Vimos lhe buscar seu galo tratante - disse a raposa - da ordem da comadre Onça. Ela lhe dá a honra de um convite para a maior festa da mata e você fica a dormir!
— Ah! É verdade! Responde o galo ainda espreguiçando. Tinha-me esquecido...
— Pois, é por isso, que a Comadre está furiosa com você.
— Perdão pessoal, perdão! O que ela quererá fazer de mim?...
— Ainda pergunta? Vai devorá-lo, se der a você essa honra, caso contrário deixará darmos cabo de você.
E dizendo isso, a raposa ameaçou destroçar todo o galinheiro de Mestre Galo caso ele se negasse a acompanhá-la, e ordenou-lhe:
— Vamos! Marcha! A comadre está a sua espera; e furiosa!
Mestre Galo não teve outro remédio senão acompanhar, muito do jururu, a escolta.
Chegando a casa da Comadre, a escolta e o preso compareceram diante de sua majestade comadre onça, que soltou um urro de raiva.
— Seu patife! Galo duma figa. Como então ousou desobedecer meu decreto, não se apresentado à hora marcada à minha festa? Vai pagar esse atrevimento.
— Saiba V. Comadre Onça que não foi por querer, mas por esquecimento. Perdão, perdão! Rogo-lhe o perdão ajoelhado aos seus pés.
— Você é um cabeça de vento!... Ia dar-lhe a morte, mas como se humilha, e, para não perturbar a alegria de minha festa, terá, de agora em diante, como castigo de seu esquecimento, não dormir além da meia-noite. Dormirá ao pôr do sol, mas a meia-noite cantará até as duas. E ao vir o dia cantará novamente, dando sempre sinal que está alerta. Se dormir e não cantar, você e sua família correm o risco de serem destroçados pelo gambá e pela raposa. Assim ficará punida tua vil memória.
Mestre Galo ficou muito contente com a solução achada pela comadre Onça e para não esquecer de que havia de cantar à meia-noite, cantou também ao meio-dia. E dessa data em diante começou a cumprir sua condenação, cantando pela madrugada fora.
Mestre Galo quando canta fecha os olhinhos para não esquecer de que tem de cantar outra vez e canta de dia para se lembrar de que tem da cantar de madrugada. ®Sérgio.
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Comadre Onça e o Queijo Batizado.
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Nota Sobre o Texto: Há duas variantes deste conto: a primeira, em que me baseei, em vez da onça é o leão que dá a festa; e, uma segunda, onde em vez do leão é o sol que dá a festa.
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