COMADRE ONÇA E O QUEIJO BATIZADO

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Recontando Contos Populares

Coisas estranhas acontecem no reino da bicharada, pois não é que a onça fez as pazes com o coelho e foi morar com ele.

Lá um dia, combinaram comprar um queijo e comê-lo em sociedade. Mas o coelho, que não é nada bobo, propôs à onça:

— Ó comadre, a dona coruja que tudo sabe, disse-me que colocando os queijos nas árvores, eles crescem como frutos. Vamos experimentar?

Comadre onça, dona de um bom apetite, mal se contendo em imaginar a que tamanho o queijo chegaria, aceitou a proposta do coelho. Este, mais que depressa, foi colocar o queijo no galho mais alto de uma árvore.

De volta a casa, disse à onça:

— Comadre, estou aborrecido. Fui convidado para fazer um batizado, e teria de sair novamente. Mas o queijo me deixou tão cansado que sou capaz de não ir.

— Vai, compadre coelho, vai fazer o batizado! Sempre é bom a gente ter um afiliado.

E o coelho foi. Mas em vez de ir ao tal batizado, foi até a árvore, subiu até o galho em que estava o queijo, e comeu um bom pedaço. Por pouco já estava de volta.

Quando chegou a casa, comadre onça lhe perguntou como fora de batizado e que nome pusera no afilhado.

Respondeu-lhe, calmamente, o coelho:

Já começou.

Em seguida, pôs-se a reclamar, muito do contrariado, pois tinha de fazer outro batizado.

E a onça já aconselhando:

— Batiza compadre, batiza! Não há nada melhor do que ter mais um afilhadinho.

O coelho foi, porém logo voltou e a onça lhe perguntou o mesmo, a que este lhe respondeu:

Está no meio. E anunciou que tinha novo batizado e que estava muito aborrecido.

— Vai, compadre, vai! Não fique amolado por isso. Quem me dera ter tantos afilhadinhos!

O coelho saiu. Foi outra vez até a árvore, “papou” outro pedaço de queijo, deixando-o quase no fim.

Ao voltar, indagou a onça:

— Como se chama o novo afilhadinho?

Está quase, respondeu o coelho, e anunciou o quarto batizado, dando a festa por encerrada.

— Sossega compadre, vai fazer cristão este pobrezinho!

Lá se foi o coelho. Subiu à árvore e comeu o resto do queijo. Mas sabendo que haveria de dar conta do queijo a comadre, dependurou no galho uma enorme pedra. Voltou e a onça sempre muito curiosa:

— Como se chama o novo afilhadinho, compadre coelho?

Já acabou!

 Mal sabia a onça que o coelho estava a batizar o queijo e que tinha dado cabo dele. Assim, inocentemente, pergunta ao compadre se já não era hora da partilha do queijo. Compadre coelho concordou. Saíram, então. Chegando à árvore, o coelho propôs:

— Comadre, eu subo e você fica de braços abertos para aparar o queijo. Cresceu tanto e está tão pesado, que não posso descer com ele.

Assim foi. A comadre onça “plantou-se” bem embaixo do galho e esticou os braços para receber o queijo, ou melhor, a enorme pedra; o restinho da história você já pode imaginar. ®Sérgio.

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Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 15/01/2008
Reeditado em 21/10/2013
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