SAUDADE INGRATA...
SAUDADE INGRATA...
Saudade ingrata me fez
Visitar a minha terra
O meu velho pé de serra
Fui rever mais uma vez
Mas, a minha sensatez
Deixou-me aflito e tristonho
Parecendo-me que era um sonho
Fiquei naquela incerteza
Por não encontrar a beleza
Do lugar que era tão lindo
Onde eu vivia sorrindo
Hoje choro de tristeza
Cadê a casa imponente
Que outrora era tão bela
O que fizeram com ela
A lembrança é tão plangente
Como está tão diferente
E onde está o curral do gado
E aquele meu roçado
E do riacho a correnteza
Se essa mágoa ficar preza
Termina me demolindo
Onde eu vivia sorrindo
Hoje choro de tristeza
Também não escutei mais
No romper das madrugadas
O cantar das passaradas
Os gorjeios dos sabiás
O sol nascendo por traz
Da serra está diferente
E aquela humilde gente
De tão ingênua pureza
A morte com malvadeza
Cada um foi consumindo
Onde eu vivia sorrindo
Hoje choro de tristeza
Aquele pé de aroeira
Lá na beira da estrada
Onde era mata fechada
Hoje é tudo capoeira
E aquela lua fagueira
Formando um lençol de prata
E onde está a cascata
Digam-me por gentileza
Destruíram a natureza
Cheia de flores se abrindo
Onde eu vivia sorrindo
Hoje choro de tristeza
Carlos Aires, 24/07/2008
Contatos: poetacarlosaires@hotmail.com