SÓ UM POUCO DO QUE SOU...

SOU MATUTO SERTANEJO

ORIUNDO LÁ DA BRENHA

ONDE O FOGÃO ERA À LENHA

E A PANELA ERA DE BARRRO

EU FUMAVA, E O MEU CIGARRO

ERA ENROLADO NA PALHA

SOU DAQUELE QUE TRABALHA

DE SOL ASOL,NO ROÇADO

COM MEU TRABALHO SUADO

NO CABO DA MINHA ENXADA

NÃO TINHA MEDO DE NADA

POIS ESTAVA PREPERADO

SEMPRE BEM ALIMENTADO

COM LEITE QUEIJO E COALHADA

SOU FORTE IGUAL A ARORIRA

QUE QUALQUER GOLPE SUPORTA

E O MACHADO QUANDO CORTA

EMPENA OU LARGA O PEDAÇO

EU NÃO CONHEÇO FRACASSO

PORQUE NUNCA FUI MOFINO

SOU DAQUELE NORDESTINO

DO MATO BRABO ,SOU BROCO

QUEBRO PEDRA ARRANCO TOCO

CORTO MADEIRA E CIPÓ

EU SOU MESMO UM ARIGÓ

QUE USA CHAPEU E BISACO

A MINHA MALA É UM SACO

E É FECHADA COM UM NÓ

O MEU REMÉDIO É MEIZINHA

E CHÁ DAS ERVAS DO MATO

EU NUNCA CALÇEI SAPATO

E NEM USEI TERNO E GRAVATA

COMO CUSCUZ COM BATATA

A LUZ É DE CANDEEIRO

ME SENTO LÁ NO TERREIRO

OLHO PRO CÉU ESTRELADO

ANDO NUM "JEGUE" MONTADO

PRA QUALQUER LOCALIDADE

SINTO-ME MAIS A VONTADE

DO QUE NUM CARRO IMPORTADO

ESSAS MUSICAS DA CIDADE

QUE MAIS PARECE BOZERRA

NÃO TOCA NO PÉ DA SERRA

PORQUE NÃO TEM QUALIDADE

NA NOSSA COMUNIDADE

SE JUNTA O POVO DA ROÇA

E CONSTRÓI UMA PALHOÇA

COM PALHA DE CATOLÉ

UM SAFONEIRO DE FÉ

TOCA ATÉ DE MADRUGADA

E AS CABOCLAS ANIMADAS

AGÜENTAM BEM O REPUXO

MANTEM-SE NO "RALA-BUCHO"

QUE CHEGA FICAM SUADAS

PREFIRO SER NATURAL

COM ORIGINALIDADE

HOJE MORO NA CIDADE

LONGE DA TERRA NATAL

EU NUNCA VOU SER IGUAL

AO QUE AQUI FOI NASCIDO

PRA FICAR ESCLARECIDO

EU VOU DESCREVER ASSIM

AQUI ACHO A VIDA RUIM

E ACHO QUE E PELO FATO

DE, EU TER SAÍDO DO MATO

MAIS, O MATO NÃO SAI DE MIM.

CARLOS AIRES 11/06/2008

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 11/06/2008
Reeditado em 12/09/2009
Código do texto: T1028983
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