Cartas De Um Viajante - IX

Olá,

Não tenho nada a dizer a vossas pessoas, apenas posso revelar-vos que cai afundo nos precipícios da loucura...

Risos, histeria, fantasmas negros em chamas azuis! Gritos estridentes rodopiantes em espiral! Loucura! Morte! A face deforme! Eu cai em pleno dia no breu ensurdecido da mente! Pelas bestas infernais! Cair na loucura sentindo os sentidos pararem de sentir! Respirar um ar vaporoso que estala na mente... Escárnio! Risos de escárnio sobre o escarro de meu carpir estatelado abaixo da terra, padecente nas entradas cadavéricas do submundo! Cego, mudo, impotente e sem movimento algum! Apenas com visões psicadélicas de delírios surreais aromatizados a fungos!

Cair abaixo do precipício onde seres dançam seu ballet ébrio, embebidos de esporos delirantes... A morte é apenas o começo da vida! Hahahahaha!

Histeria! Dancem tolos, dancem! Hahaha... Sintam minhas lágrimas angustiantes caírem sobre seus corpos como a chuva, saibam como é amar uma mulher e nunca poder amá-la! Ter na língua tons e na alma liras... Ter nas mãos morte e nos lábios sangue! Sinta vós meu pranto infame! Deleitem-se como hienas incandescidas ao ver-me contorcer em sofrimento... Ajam como abutres ao sentir o cheiro de minha carne rasgada subir à vossas narinas enquanto tento fugir de meus próprios fantasmas ansiando o descanso da morte! Vejam-me como sua próxima refeição e comam-me! Não terão prato mais infeccioso enquanto ainda viverem... Deixem-me em paz vis demônios!

Abandonem-me enquanto morro afogado em meu sangue choroso, enquanto fujo de bestas imaginárias que insistem em me perseguir! Eu já estou abaixo do precipício, não tenho mais volta! Deixem-me morrer louco e pobre! Deixem-me morrer pensando ainda ser sábio!

E que morram todos vocês! Morram! ... Mas deixem-me amá-la em solidão.

Dolorosos e hostis cumprimentos,

Ralph Wüf

Ralph Wüf
Enviado por Ralph Wüf em 08/04/2008
Reeditado em 13/04/2008
Código do texto: T937272
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