Agora eu sei

A certa altura de minha vida, achei que tudo estaria onde deveria ficar.

Um olhar de certa maneira tirou-me do centro e comecei a margear.

O norte já não era claro. E uma deriva comecei a remar. Em águas estranhas marear e enjoada não vi o pequeno rodamoinho que se formara. Jogada de um lado a outro e com grande desconforto soube que isso era amar.

“O amor tem razão que a própria razão desconhece”. Já disse alguém. Mas, que razão terei agora, já que tudo que era não sou mais. Perdi os tabus, não sei se deixei na gaveta ou se por um acaso a faxineira limpou.

A deriva de repente um norte se formou e remei rumo ao desconhecido, lindo de um olhar em flor, numa queda inclinada aos noventa graus me lancei na derradeira que talvez você me salvasse, mas nem o ordinário 'um' hesitou.

Agora eu sei em qual parte eu faço parte de sua vida. Derradeiro, sim, mas o sentir esse é o primeiro. Primeiro amor de uma vida, primeiro olhos consumados em atos de prantos felizes, cerrados em quatro paredes com cheiro de eucalipto.

Não há arrependimento, nem continuação, mas preciso urgente de outra confirmação.

Você me ama?

Não pode ser, pois qual tipo de amor eu me encaixo (meu encaixe perfeito) na sua vida? E a parte na qual faço parte, onde está? Na gaveta de novo? Ou a faxineira limpou! E o celular não ligou. Mostra-me o amor que tens. Não pode ser “idem”, você não sabe o amor que lhe tenho.

Então a margem de minha vida, não há como nortear esse amor que está à deriva dos tabus que a faxineira limpou. E de como olhar em flor; ser daqui, agora e de como farei para não mais sentir tamanho amor. Diz agora, me diz...

Paula Virgo
Enviado por Paula Virgo em 03/04/2008
Reeditado em 26/05/2011
Código do texto: T929329
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