Iludindo a Esperança (Carta ao Aniversariante)

Amigo,

confesso-me insegura neste instante.

Não é fácil lançar-me ao que pretendo.

É o dilema do sentir frente ao dizer.

O que uma mulher sábia faria neste instante?

Dissimularia,calando-se omissa?

Ou buscaria a verdade,mesmo que esta não seja a mesma que grita em teu coração?

Não sei ao certo.

Preciso parecer sábia,no entanto?

Sou aprendiz.

Prefiro manter-me tão-somente honesta ao que sinto.

À distância, de onde diária e amorosamente observo ,percebo-te ansiedade,inquietação,expectativa.

Aquele desejo talvez, da felicidade prometida e tão aguardada:

a possibilidade do recomeço,

a concretização das promessas ,

o atendimento aos pedidos de espera...

Permites ao coração falar-te hoje?

Pois este coração quer te falar do amor e de ilusão.

Dos ansiosos plantões à espera da chegada dela.

Das poliglotas e públicas declarações de afeto.

Da dor exposta em frases de efeito ,nos jogos enigmáticos das palavras.

Desejar é preciso.

Sofrer não é preciso.

É paródia e solução.

E este coração teme honesto por ti ,que trilhas tão desventuroso caminho.

Esperança e ilusão,limites tênues.

O passo do tempo ,para aquele que espera, é infinitamente mais longo,que o de quem a espera solicita .

Afastamentos tornam-se maiores ,bem como a possibilidade dos enganos também...

O tempo ensina diariamente,entre outras coisas, a sermos menos exigentes com as pessoas.

Aceitá-las como são ,ou esquecê-las.

O tempo mostra igualmente que até as mentiras precisam ser toleradas e relevadas às vezes,pois que servem ao encantamento,ao apelo de amor e até à auto-defesa.

Inaceitável é permitir à ilusão travestir-se de esperança.

O objeto do nosso amor às vezes,não deseja o mesmo que nós.

Há quem ,por vaidade,nos mantenha eternamente cativos de seu encantamento .

Quem ama ,porém,tem pressa:

abrevia distâncias,

atropela pulsares,

é atropelado,

importa-se

e luta.

Custe o que custar.

Quando a solução depende da gente,soluciona-se fácil,eu sei.

Quando depende dos dois,também.

Quando ela pertence apenas ao outro,nem sempre é assim.

A rédea dessa situação não te pertence,amigo .

Concedeste-a desde há muito.

Ela controla teus passos,afasta tuas possibilidades de contato,mina-te os relacionamentos. Domina-te.

É amor minúsculo,porque capaz de distorções perigosas.

O objeto do teu amor é inteligente,sem dúvida!

Repleto ,porém,de vaidade ,calculismo e dissimulação.

Há quem diga que a fogueira da vaidade jamais vislumbra o coração alheio,porque apenas recolhe tesouros e atira destroços em infinita reafirmação egocêntrica .

Vaidosos e egocêntricos são egoístas com maquiagem festiva!

Os emocionais anseiam e iludem-se ,crendo apenas esperar.

Essa luta pode vir a revelar-se inglória.

Num bom combate,bem o sabes, deve-se lutar de peito aberto e coração claro ,o que não está visto ali.

Entre a passividade dos omissos que apenas olham ,e o afeto dos que vendo, agem, incorporo-me às fileiras do segundo grupo, entre emoção e lágrimas...

Ama-me ou odeia-me!

Mas, não olvides esta mensagem.

E,se puderes,perdoa-me a intromissão.

Em 30/12/2005.

Zully Oney Teijeiro Pontet
Enviado por Zully Oney Teijeiro Pontet em 29/12/2005
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