Alma gêmea.

          Sim, eu sei que você está aí, sei que está por aí em algum lugar. Não sei a distância; pode ser que esteja bem próxima, tão próxima que talvez eu simplesmente não a enxergue ou pode ser que esteja tão longe que ainda não tenhamos nos visto ou, simplesmente, ter sido apresentado pelo destino.

            Mas sim, sei que está aí, talvez me esperando ou quem sabe até mesmo a minha procura.

            Pode ter acontecido que tenha ficado desiludida em tentar procurar alguém, caso seja esse o problema, eu entendo esse labirinto de tristeza e frustração. Talvez seja que possa ter até mesmo se fechado para tudo e todos, curtindo a solidão e a tristeza. Ah, sim, sei bem como é.

            Sei como é assustador o vazio, o medo, a solidão. A intensa sensação de prisão, como se estivesse condenado a um destino monótono e sozinho, sem muitas expectativas de melhoras.

            A horrível sensação de estar prezo a filosofias e valores cada vez mais ultrapassados que, com o passar do tempo, tornam-se verdadeiras penitências acorrentadas e pressas a um enorme pedregulho, que se afunda cada vez mais, puxando tudo com sigo.

            Se livrar não é nada fácil, o simples fato de se desprender e sair já é bem doloroso, pois, por mais ruim que possa ser, de alguma forma é algo confortante que acaba tornando um refúgio de autopiedade confortante, mesmo também sendo doloroso e solitário.

            Eu sei que você está aí, e saiba que estou aqui ou até mesmo que sempre estive aqui à sua espera, ou que apenas não tenha a visto.

Pode ser que eu já esteja machucado com um brilho não tão belo quanto de alguns anos atrás, mas que mesmo assim se mantém sempre acessível.

            Pois, independente de tudo, eu sei que você está aí. Situações passadas, coisas já vividas deixaram-me mais cauteloso, dito até mesmo como frio, pode até mesmo que isso seja verdade, porém não me intimido.

            Porém, me conforto, pois sei que você está aí, por isso, apesar de tudo, sigo em frente, mas não tão velos como antes, até menos sorridente, mas assim sigo sempre com cautela e com um pouco de otimismo, porém sempre com cautela.

            O medo de recomeçar levando uma bagagem de feridas e finais tristes não me intimida, sair desse labirinto, se desprender dessas correntes já é algo necessário para seguir e poder te encontrar ou mesmo para poder enxergá-la.

            Em meio à dor e ao medo constante, eu sigo, com a única certeza de que eu sei que você está aí. Minha alma gêmea.

Gustavo A Vilela

Gustavo Vilela
Enviado por Gustavo Vilela em 02/06/2024
Código do texto: T8077115
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