Carta ao sentimento

Carta ao sentimento.

Existe algo de estranho no amor, no carinho, na preocupação de uma voz, nas amizades, no sentimento que nutrimos dentro de um sonho quando pensamos em uma pessoa. Qualquer pessoa.

As vezes é uma lista de músicas, as vezes é um doce dividido numa noite quente, pode ser um sorriso visto por uma foto de uma desconhecida, uma série bizarra ou mesmo um suspiro que se escuta de longe quando damos play num áudio.

O sentimento bom que criamos e desenvolvemos, que nutrimos e criamos é misto de coisas boas e ruins; temos dentro na mesma coisa uma vontade de cuidar indomável, que não conseguimos entender, assim como uma ansiedade que nos faz suar frio. Amigos se preocupam com qualquer coisa que possa nos acontecer, um amor pode ser avassalador, criador e destruidor na mesma intensidade.

Qual é o limite saudável para isso? Ele existe? A intensidade nos corrói por dentro, seja da forma que for, de maneira boa e ruim. É um vício, e nós, meros mortais, somos um bando de viciados.

Alguns dizem que o coração é onde os sentimentos se guardam, enquanto para outras culturas mais antigas, isso tudo se armazena no fígado (por mais estranho que possa parecer, tenha a cabeça mais aberta, procure, “google it”). Pessoas dizem que isso tudo nada mais são do que reações químicas dentro do cérebro, e que alí inventamos tudo isso.

O “sentir” foi criado ou ele é inerente? Acredito que tenhamos isso de forma natural, faz parte de nós. Podemos ver isso nos animais, nas crianças com suas atitudes pueris e cândidas, quando não são corrompidas por um adulto, ou enviesadas de alguma forma.

O que é o sentimento? Como lidar?

O recomeço sempre é uma tragédia grega, o conhecer do zero, mesmo que já se conheçam de alguma forma, mesmo que o “santo bata” e faça com que tudo seja rápido, atraente. Uma amizade pode surgir assim, um amor pode.

Quando foi que começamos a nos viciar com isso é a maior pergunta? A necessidade de validação e entrega é absurda, e temos isso como necessidade primária hoje em dia, basta ir ver a internet: Twitter, Instagram, Facebook, Tinder, OnlyFans. Alguns fazem dinheiro com isso, outros perdem, alguns piram, outros amam. Mas a necessidade perdura, a criação de empatia, de sentimento. A perpetuação de um vício que nos alimenta de maneira visceral, animalesca, primeva.

Um vício em adrenalina é similar, um drogado usa drogas pra manter um tipo de sentimento permanente, seja euforia ou calmaria. Isso tudo se assemelha a uma coisa específica: eu “sinto”.

E vem um contraponto dentro disso ainda pra piorar a situação, quão grande pode ser o vicio da solidão? Estar só nem sempre é ruim, a solitude completa, preenche, assim como o sentimento que queremos ter em relação ao outro.

Estar só significa se isolar de alguma forma, se blindar de X ou Y tipo, alguns buscam uma solidão compartilhada como casal, outros querem se isolar exatamente disso, ‘inda mais, há outros que procuram o isolamento total. A solidão é perigosa, viciante, pacificadora, assim como um sentimento a alguem também pode ser.

O que é o sentimento? Como cuidar, como tratar, como lidar? O que é a solidão? Temos como argumentar?

São tantas perguntas sem resposta, e com infinitas além.

As pessoas buscam por tudo e eu como elas, também. Um pedacinho de cada para montar esse intrincado quebra-cabeças que é o existir.

E voce se pergunta ainda, o que deseja?

E eu me pergunto também, o que eu desejo?

Eu sei o que quero,

É apenas sossego.

Minari
Enviado por Minari em 25/02/2023
Código do texto: T7727517
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