Carta a 2023

01 de janeiro de 2023 – 00:00

Querido ano de 2023

Estou aqui, enquanto correm os primeiros segundos, minutos e horas de seu derradeiro  primeiro dia do ano, já nas primeiras horas do raiar de um novo dia, desse novo ano, celebrando com emoção e gratidão a dádiva de viver um ano mais.

 

Confesso e afirmo que não necessito roupas novas, festas, comilanças, bebedeiras, fogos, gente reunida, som alto… Para mim, esse momento é de silêncio, é único, é essencial, é todo meu, especialmente meu, para reflexão, para poder agradecer, louvar e bendizer.

 

Eu que, por muito pouco, há 21 anos atrás, em plena virada do ano de 2000 para 2001 não estaria mais aqui para viver e vivenciar tantas coisas de minha vida e da vida do mundo. Por isso e por muito mais, sei muito bem o valor de poder ver raiar a aurora de mais um ciclo para se viver.

 

Imaginar que sobrevivi a um aneurisma cerebral rompido em plena passagem de ano, à exatamente 00:15 minutos e eu segui com o sangue vazando em meu cérebro até o dia 3 de janeiro, sofrendo uma dor jamais imaginada e impossível definir a intensidade, quando enfim fui submetida a uma cirurgia de alto risco de mais de onze horas de duração, mais 4 dias de coma e 15 de internação, e eu renascer ilesa, intacta de tudo isso, não tenho nem mais uma palavra a comentar sobre tudo isso que não seja gratidão!

 

Por tudo isso e muito mais, que terminar e iniciar mais um ano representa para mim algo sublime, divino e muito, muito, mas muito especial.

Não que a tensão não nos acompanhe! Vivemos tempos difíceis no mundo. Uma boa parte da humanidade que parece querer viver cultivando, semeando, plantando, nutrindo e disseminando o ódio em seus corações. Ou preferem seguir na superficialidade, na alienação total, sem rumo, sem pensar, sem raciocinar a vida, sem buscar evoluir, sem empatia, sem respeito, sem vida útil, tomada pelas futilidades mundanas.

 

Às vezes dá uma angustia e um certo medo, uma insegurança no porvir, um desânimo ao imaginar que já não existe esse lugar seguro que não seja dentro de nós mesmos. Graças ao divino criador, esse oásis de nossas almas é o único lugar que ainda abriga os nossos preciosos ócios produtivos, onde seguimos, alguns, preocupados em meditar, orar, recitar mantras, respirar, escrever, cantar, tocar, dançar, pintar, buscar se reconectar com a natureza em sua majestosa magnitude, consigo mesmos, para tentarmos neutralizar um pouco as energias pesadas e involutivas que nos rodeiam.

 

Chego às vezes, a me sentir como um Extra terrestre em um mundo onde eu já não me identifico muito, lamentavelmente.

É por isso querido ano, que sigo de mãos dadas com minhas artes, a literatura, quantas preciosas obras lidas e ainda a serem apreciadas e tragadas com avidez, a minha escrita, os estudos, a minha incansável vontade de aprender.

 

Também as parcerias com alguns poucos amigos irmãos que comungam de meus próprios ideais de vida. A filosofia, a minha busca infinda pelo meu alto conhecimento, meus animais, minhas plantas, meu companheiro, meus instrumentos musicais, minha filha e buscar nutrir e conservar aqueles poucos amigos de luz, aqui na Terra e também do outro plano da vida.

 

Aqueles, tão especiais e queridos para mim que são a razão de encontrar forças para seguir com fé e coragem buscando contribuir que seja com uma gota de lucidez para matar a sede dos que estão morrendo desidratados pela aridez de seus próprios pensamentos, atitudes e corações.

 

Que eu possa seguir firme e fiel com meus propósitos, porque confio e acredito eles são do bem, do bem maior. Espero que eu possa seguir vivendo um dia de cada vez, mantendo a disciplina e a atenção a tudo e à todas as possibilidades de crescimento e de evolução espiritual e de minhas virtudes cada vez mais lapidadas. Esse é o meu maior propósito!

 

Vamos juntos em passos lentos, olhares atentos porque é assim que construímos uma vida sábia.

Um abraço querido, ano de 2023. Vamos que vamos! E que eu possa viver você, degustar você, desfrutar de você, intensamente, cada um de seus 31. 536.000 segundos, 525.600 minutos, 8.760 horas, 52,143 semanas, 12 meses e 365 dias!

Vamos escrever juntos mais uma história para o mundo!

Que assim seja!

Valéria Gurgel