Própria sorte

Conhecer você nunca foi tão difícil, mas ao mesmo tempo nunca foi fácil.

A memória se encontra marcada, gravada no meio do tempo, inexorável como sempre foi,

Num passo vacilante eu falo, chamo e espero uma resposta que jamais pensei que viria.

E a resposta veio, singela.

Tímidas palavras vieram,

Aquele primeiro “oi”, aquele primeiro “tudo bem?”

Partiu dali um sonho que nunca poderia acontecer, que num instante virou quadro, um futuro jamais pintado.

Sonhando com um céu azul ilimitado.

Fomos condecorados, ganhando dias de vida em passos desorganizados.

Em noites abafadas nos sentamos, lado a lado, divagando sonhos que às vezes pareceram mal presságios.

Tentamos fazer a vida dar certo, entretanto nem chegamos perto.

Foi tudo fantasia, a mais pura magia. Tudo foi embora com a ventania.

Amei e doeu, me deixei levar e no final o sentimento me fodeu.

Deixei tudo ao “deus-dará” e a maldita roda da fortuna girou,

Me pegou e desarmou, me deixou largado no asfalto, olhando para cima, com um desejo carregado de mau olhado.

Sou humano e porventura talvez não saiba entender, por mais que eu me esforce, talvez jamais consiga compreender.

O que foi que houve com você?

Quando foi que perdi o fio da meada e a coisa perdeu o controle?

Cem anos de solidão para mim e como a grande matriarca inventada diria, tudo gira numa roda infinita.

Vamos rodeando e girando, repetindo assuntos por mil anos, reagindo da mesma forma, como se nada pudesse mudar nosso passado, presente ou futuro.

E eu fico pendurado por um fio vermelho que nas lendas dizem que pode nunca se partir, que jamais irá esconder o sentimento, mesmo quando fujo ou me escapam. o amor não morre, ele apenas se esconde e se recorta, se enquadra e vai para uma memória.

Se torna distante, inalcançável, junto com memórias passadas.

Aos poucos me desligo, saio de cena, esqueço de recordar.

Apago as luzes, deixo de me importar,

Vou apenas me recordando quando minha mente se libertar.

Até lá, só me resta chorar.