Setembro
Setembro
Enquanto o vento passa e a noite vem, a insônia me aborda mais uma vez.
Talvez sejam os pesadelos de praxe, as ansiedades e devaneios, os receios e desejos.
Novamente me pego sem rumo ou direção.
Suado, acordado. Onde foi parar meu espaço?
Sonhos de uma noite de verão que ainda não chegou, um pesadelo acordado, sonho interrompido, coito não concluído
Uma alma serena no meio da confusão de um sonho lúcido, estou preso e não tenho para onde correr.
Agrilhoado por uma paixão incandescente, incessante, impetuosa, e ao mesmo tempo distante,
Que um beijo me roubou, e levou o sono embora no meio da madrugada.
Me trouxe angústia há muito não sentida, uma ausência bem percebida. A paixão machuca e excita.
Saudades são saudades, não importa onde seja ou de quem for. Seja luz ou sombra, sobriedade ou ansiedade, loucura ou sanidade.
A falta faz um rombo, cria vazio sem ser no vácuo, carregado de doce amor mesclado com solidão.
O cigarro se vai, a falta de ar vem, o sinistro sentido de inexistência acompanha tão doce quanto minha antiga dama.
Mais uma vez, estou só nessa sonífera ilha, marcado com ferro e fogo nessa subserviência.
Pra onde fugir, quando isso está a sua volta, cravado em meu ser uma paixão inapta, sobrecarregada de "sofrência"?
Pra onde correr, quando tudo à minha volta é apenas mais um sonho?
O que fazer quando tudo no vento se carrega, e a sombra de um amor incompleto se torna eterna?
Pra onde ir, quando os muros que foram levantados não podem ser destruídos ou derrubados, sequer ultrapassados?
Passo meses a fio, esperando uma resposta diferente daquela que sempre escuto em meio a conversas espaçadas, que mesmo aparentando conteúdo, de nada resolvem. não trazem futuro ou presente, e sinto mais uma vez ausência dentro do sonho que passa por nós.
Um sentimento que existe ainda, lateja e grita por atenção, que de forma silenciosa em forma de letra em punho, escrito sob o som de músicas passadas em ilhas distantes, separando um sentimento do outro, criando ilusões de alegrias temporárias, levadas por um silêncio tão grande que toma todo meu espaço. sinto falta daquilo que hoje acredito nunca ter me pertencido.
Uma saudade que corrói, ainda mais quando não sei o que se passa na mente alheia, me questiono sempre se as saudades são apenas minhas ou não, se a falta que faz ainda é sentida de forma recíproca.
Mesmo sabendo que não faz mais diferença, pois minhas palavras não vão mudar, e essa linha não vai continuar.
Tenho de acordar, descer deste andar, pegar meu barco e rumar para outro lar.
Procuro acalentar o meu sono e ter a chance de voltar a sonhar sem despertar.
Encontrar uma forma de deixar a saudade passar, para que eu possa outra vez voar.