"UM CORDEL SEM BIENAL"
Um dia então me disseram
“O cordel também é cultura”
Quem será que não ouviu
O dizer nessa altura,
O que está acontecendo
Se muitos estão esquecendo
Seguindo noutra postura?
O Cordel cá do sertão
De forma estrutural
É linguagem de saberes
De um fazer cultural
Mas é triste a realidade
Que o Cordelismo na verdade
Não entrará na bienal
Como ficam os poetas
Esses nobres rimadores
E os xilogravuristas
Os exímios professores
Dessa arte secular
Que em todo e qualquer lugar
Adere muitos seguidores?
Ou precisa de um canudo
Com dizeres no papel
Que nestas bienais só entram
O Doutor e o Bacharel
Que seja ele graduado
Com posse de Doutorado
Excluindo o tal cordel?
O Cordel tem formação
Nas histórias dessa vida
Pois é a revelação
De uma luta aguerrida
Que junta rima com poesia
E a todos traz a alegria
Desta luta engrandecida
Faculdade de cordel
Será que irão implantar
Para que os cordelistas
Possam então apresentar
Mostrando capacidade?
Pois só falta na verdade
Uma Lei assim sancionar
A cultura popular
Está perdendo o seu espaço
Ou os literários querem
Vencer na queda de braço
Prestem atenção Senhores
Onde entram os Doutores
Cabe meu versar que eu traço
Segregação desmedida
Confesso não aguento mais
Eu tô tentando entender
O que há com essas bienais
Desprezando o cordel
Acreditem isso é cruel
Ou Nós somos anormais?
Cordel amigo acredito
É poesia secular
Nós herdamos da Europa
E aprendemos pra ensinar
A rica literatura
Tem inteligência e postura
Pois é Cultura popular
Onde estão os cordelistas
Nas suas programações
O Livreiro descartado
Tomaram essas decisões
Extrapolaram a conduta
Pois nossa língua matuta
Tem os seus ricos padrões
Mas eu até peço desculpas
Pelo meu atrevimento
E confesso nem devia
Fazer esse enfrentamento
Mas deixo escrito no papel
RESPEITEM O NOSSO CORDEL
E mudem o seu comportamento