Querido Pai!
Eu aprendi muito com meus pais!
Quando foi que nos esquecemos de ti?
Bom, não esquecemos! Você está sempre sendo lembrado, principalmente quando alguém tenta diminuir o teu valor.
Você não foi perfeito, eu sei!
Mas quem é, nesse mundo de tanta diversidade, tantas lutas e dores, tantas dificuldades? Mas posso dizer que você acertou muito, quando nos cuidou, guardou, protegeu! Sim! Você esteve presente na vida de seus cinco filhos durante toda a sua vida!
Você não almejou lutar por glórias ou por riquezas, palácios: - Não! O que você queria era viver em família, bem cuidada, alimentada, reunida, unida, protegida do mundo cruel e vil, que você teve que viver na tua infância e adolescência, pelos horrores da guerra que pode sentir e presenciar...
É pai, que posso dizer? Você foi bom para nós! Sua vida em união e trabalho, com nossa mãe, nos educando, disciplinando, dando exemplos morais de honestidade, trabalho, honradez, foi profundamente produtiva em cada um de nós, seus filhos! Por mais que 'algum' tenha alguma queixa, porque era mesmo você quem mandava, e quem não obedecia... tinha que mudar de ideia kkkk .... Mas a obediência que você exigia era o respeito às suas ordens, que hoje eu percebo e entendo melhor, que eram para nosso próprio bem, e condução num caminho mais coreto, mais digno, mais protegido dos males deste mundo, mais abençoado por Deus.
Não importa se sua natureza alemã, cheia de traumas e dores emocionais, te fizeram ser um tanto rígido em seus entendimentos sobre obediência e liberdade. Nossa liberdade era o que vocês entendiam que fosse bom para nós, que fosse justo segundo os seus conceitos. Era mesmo casa, família, Igreja, Escola, Trabalho, e amizades só as que vocês aprovavam, e eram poucas. Os mais rebeldes receberam mais da vossa capacidade de educar, em algumas situações conflituosas, com a força e a firmeza, sem vacilos nos corretivos, que vocês entendiam que em algum momento, precisavámos...
Eu posso dizer, sem medo de errar: você deixou o mundo à sua volta, melhor do que você encontrou, porque seu exemplo de família serviu para muitas pessoas aprenderem... Com certeza!
Você fez falta, quando partiu, porque acabou que cada um foi viver a própria vida, e nossa mãe não conseguiu nos manter muito unidos, nas festas comemorativas por exemplo, e no geral, pelos motivos dela, da sua própria natureza... Mas estamos bem!
Não nos reunimos, todos, como nos tempos que vivemos com você, mas estamos bem! Porém, é bem nesse quesito de união e amizade que sinto a falta da tua presença entre nós. Gostaria que os conflitos fossem superados, que pudéssemos nos reunir sem ressentimentos, ciúmes, inveja...
É pai, vejo inveja! Vejo ciúmes! Vejo...
E é bem triste ver essas coias! Sinal que não existe um sentimento sincero de amizade e união, onde todos torcem pelo sucesso e felicidade de todos... Mas isso é muito comum nas famílias, não é?
O que tenho percebido é que estamos muito unidos, quando alguma dificuldade, doença e mesmo com a presença da morte, surge entre nós. Nessas horas nos temos aproximado, apoiando-nos mutuamente. Ficamos juntos, unidos, reunidos, nos ajudando. Mas o que tenho percebido, também, durante toda minha vida, é que as vitórias alcançadas por alguns de nós não é tão aplaudida e apreciada, como seria bom. Existe uma disputa, uma espécie de competição, em que o sucesso de alguns rebatem no 'fracasso' (seria essa a palavra) do outro... Mas como já disse acima, isso acontece em todos os lugares onde existem relacionamentos interpessoais... E essas coisas só fazem ficar mais penosa a caminhada!
Seria tão bom, não é pai, se as pessoas se amassem de verdade, com coração sincero, apoiando uns aos outros nas alegrias e nas tristezas, nas vitórias e nas derrotas, mas as conquistas maiores de alguns incomodam os outros que por sua própria natureza e modo de ser, não se interessaram em buscar, mas gostariam de ter resultados melhores. É complicado!
Nem sei se estou sendo muito clara e objetiva. Só sei que tem sido muito difícil vencer os empecilhos que surgem com as convivências. Quem tem mais poder, e dever, da palavra, para corrigir alguma injustiça, pode sofrer rejeições significativas. Mas a omissão não é o meu forte! Sim, nesse aspecto de dizer o que entendo necessário, quando percebo alguma injustiça, tenho precisado de muita disposição e coragem, mas de certo modo, até que as coisas sejam verdadeiramente assimiladas, acabo entrando no meu modo 'off', e me afasto, e deixo eles 'ruminarem' ...
É uma missão muito complicada, essa de ser uma mente pensante, que agora se tornou também falante! É bem difícil, e pode ser bem doloroso, também! Mas detesto mentiras e hipocrisias, e quando tenho o conhecimento da verdade que precisa ser dita, para que situações sejam resolvidas, não consigo me omitir, então não tenho me calado: - Não mais!
Quero dizer que hoje estou chorando: por mim, por ti, por nossa família, e por tudo o que nos afasta uns dos outros. Sinto saudades dos almoços em família, em que todos nos esforçavamos para a boa conviência, pelo amor e respeito que tinhamos por ti, querido pai!
Quero dizer que te amei muito, como meu querido e presente pai! Que fiquei em estado anestesiado, quando vi você morto num caixão, e não consegui chorar! E tive o privilégio, alguns anos depois, de receber e ler um livro que foi psicografado, onde você relata o lugar para onde foi após sua morte, com riquezas de detalhes: isso mudou o meu modo de ver, encarar, entender a vida... e a morte...
Apesar de ter sentido necessidade de desabafar alguma coisa mais densa, nessa minha carta, quero dizer que sou muito grata a Deus, por ter me dado de nascer na sua casa, nosso lar, nossa família! Eu sinto muita gratidão! Não porque foi perfeito, mas porque eu vivi, senti, recebi, a doação exclusiva de duas pessoas, determinadas a ter a família sempre próxima a sua regaço. E isso foi salutar para nossa vida, a vida que estamos vivendo, mesmo depois que você partiu. Estamos bem, pai! E você tem muito mérito quanto a isso!
Gratidão Deus!
Gratidão pai e mãe!
Gratidão família!
Amo, amo, amo muito, vocês!