Espaço
Deixei o carro me guiar e quando dei por mim, já estava na sua rua. Sei que já faz um tempo que deixou de se interessar pelas minhas mensagens ou desbravar meus assuntos, mas sabe a real? Sinto sua falta. É como um cachorro que apanha, mas volta mansinho, chorando e procurando colo. Sabe?
Cá estou eu, procurando uma janela acesa ou algum indício do seu rosto passando pela casa para matar a saudade e tentar seguir em paz.
E mesmo que eu esteja louco, prefiro te esconder isso. Prefiro que pense que a mensagem não respondida foi o suficiente. Que as grosserias e seu modo de falar fizeram eu seguir a vida... Cá estou eu, rastejando entre seus chutes.
Tento dizer a mim mesmo palavras bonitas e de consolo, mas nada sai. São duas horas aqui de corpo parado e cabeça flutuante.
Talvez meu amor tenha sido de verdade, mas preciso partir. Partir de você, de seus braços, de seu cheiro e dessa saudade sufocante. Ligarei meu carro em instantes apreciando seu quarto apagado e casa mórbida.
Eu desejava que você estivesse sentindo minha falta, mas percebo que isso não te importa. Então é hora de ligar o carro e partir...