SAGRADO
SEGREDO
Minha infância foi (foi-se) em um quintal enorme.
Árvores frutíferas várias, ervas de cheiro beirando um reguinho de água alimentado pelo “tanque”.
Raízes, tomatinhos, legumes coloridos. Tudo em uma ocupação sem regras nem réguas.
“Era o tempo mais justo. Era tempo de terra
Onde não há jardim, as flores nascem de um
Secreto investimento em formas improváveis.”(Drummond)
Não fui uma criança alegre. Mas aquele estar me comovia.
Havia lá também esses matinhos... nada me diziam.
Nunca soube dessas lágrimas pendentes em alças desse mato.
Minha mãe tinha um terço , desgastado pelo uso, de caroços de azeitona. Nosso sobrenome: Oliveira. Jesus sofreu no jardim das oliveiras.... se eu tivesse sabido das lágrimas... se...
Estou sabendo hoje, sou hoje aquele mãe, sem o terço.
Talvez eu o faça dessas suas reveladoras contas lacrimosas
que me atingem furtivas.