Carta endereçada aos Lúciferes terrestres

Prefácio:

Um dos males humanos, é "esquecer" e acostumar facilmente com as coisas, obviamente, as coisas más; por que as boas, são efemêras e ao fazer ruído ensurdecedor, passam rápido, como relâmpagos e trovões, prenunciando chuva.

Desabafo em nome do Pai

Com todas as portas, literalmente lacradas, a inscrição dizia que o hospital estava com a lotação dos leitos e macas reservas, completas.

Finalizava com a nota de rodapé: "faça silêncio e não encha os picuás. Bastam os entubados que nos perturbam. Cuidamos dos que aqui estão, da melhor maneira possível; e embora sejamos filhos do mesmo Pai, portanto, pertecemos a mesma família, não temos o poder de fazer milagres, tampouco o dom da cura. Sofremos da mesma limitação e impotência que a raça humana, sofre; ou algum de vocês possui super-poderes.

Desculpe-nos o desabafo, mas é impossível sermos educados e polidos, com um povo indisciplinado e desrespeitoso. Bons legados familiares, Zero; aliás, é no seio familiar que começa a lei da permissividade.

As coisas estão arruinadas, a tal ponto, que nem ao fazer a retrospectiva de vida e receber a extrema-unção, como perdão dos pecados, os moribundos são humildes".

Breve e singela homenagem à médica que atuava em 3 turnos, na tentativa de fazer respirar os pulmões de pacientes infectados pela Covid-19; e ao pedir para os festeiros colaborarem e abaixar o volume do som que troava alto ao lado de sua casa, pois precisava descansar, dormir para recompor as energias para suportar os plantões, foi brutalmente espancada por vários facínoras marginais; incluíndo uma mulher e profissionais da segurança pública.

Homenagem estendida ao falecido Tim Lopes, o primeiro jornalista a denunciar a ligação do tráfico nos morros à balada funk carioca. Também à juíza que, ao punir e sentenciar os infratores pela prática ilegal do trabalho, acabou punida com a vida por eles.

E aos garis, coveiros, agricultores, padeiros, profissionais da segurança, domésticos e outros heróis anônimos, que bravamente estão empenhados, dando o melhor de si, em troca da saúde e vida de pessoas que nunca souberam quem são.

Por mais ingênua que seja, qualquer mente sabe que quem prioriza o amor e a vida, desconhece a obrigatoriedade da lei consanguínea que corre nas veias dos membros da mesma família.

Em nome daqueles que ainda nutrem respeito, empatia e valorizam quem trabalha em prol de sua espécie, muito obrigado e que os Senhores, heróis com brio caráter nas caras, tenham saúde e vida longa!

Um dia, quem sabe, haverá justiça e o bem, vencerá o mal.

Assim falaram os bem intencionados:

Por ação da gravidade, a avalanche rola de cima para baixo, mas nunca sem ser iniciada por um minúsculo grão, ou partícula do material, objeto da ação.

"Lúciferes, malditos Lúciferes terrestres,

Deixe-nos trabalhar em Paz!"

Voltando ao Pai Celestial:

Pai todo Poderoso;

Nesse momento inglório, por qual a humanidade atravessa,

Estenda suas mãos aos que estão na linha de frente,

Cubra-os com seu manto protetor,

Dai-lhes paciência, tolerância,

Sabedoria e discernimento para conviver com tamanho desrespeito e estupidez.

Citando o eufêmico Einstein, "o mundo é um lugar perigoso para respirar a vida, não exatamente porque as pessoas são más; mas porque não fazem nada quanto a isso".

Deveras, a maioria da raça humana faz pouco, ou não se une no combate à maldade.

Deus, Pai onisciente,

Eliminai os Lúciferes da Terra,

E aos que são escorraçados pela brutalidade dos insensatos,

Que sua justiça reverbere ao fazer-se justa,

Reta e correta,

E sem ouvir os julgamentos infundados de palavras caluniosas tomadas pelas mentiras,

Que os infratores tenham a punição que merecem.

Que a justiça venha de sua infinita bondade,

Porque aqui embaixo,

O dinheiro necrosou o câncer da impunidade.

Isso é tudo que os sensíveis de olhos e corações ternos,

Rogam a ti;

Hoje e sempre,

Amém!