O AMOR E A AMIZADE NA VISÃO DO MEU PAI
Logo que eu mudei de São Sebastião para São Paulo me senti quase que isolado do mundo, mesmo diante de um turbilhão de pessoas. Lá na minha bela cidade eu era o Tininho conhecido e querido por muitos amigos, respeitado pela minha profissão. Aqui em São Paulo eu era apenas mais um migrante interno sem eira e nem beira.
Por essa razão numa tarde de domingo sem absolutamente nada para fazer, não tendo pra onde ir fiquei matutando e então escrevi uma carta a uma pessoa muito querida contando a minha dificuldade de adaptação na capital, bem como o quanto eu sentia a falta dos meus amigos ausentes.
Segue o teor principal da carta:
Certa vez o meu pai conversando comigo e os meus dois irmãos mais velhos durante o almoço de domingo, ainda à mesa, daquele jeito matuto e humilde de falar, com um linguajar brejeiro nos disse:
Óia aqui Tininho (sou eu), Nilton e João, um homem num pricisa sê rico pra sê filiz. Num pricisa tê navio, palacete, artomóvel, fazenda, pote de ouro e nem de pedras priciosas. Pricisa sim, tê bastante leitura (estudo), tê um trabaio digno i honesto (pode inté sê lixeiro), tê o nome limpo na praça e tê também pelo menos um amigo sincero e verdadeiro e sabe reconhecê esse amigo im quarqué lugá. Ninguém pode vivê bem aqui na terra sem tê um amigo, memo que seja o irmão ou a muié (esposa).
Papai nos falou isso porque o meu irmão do meio, o Nilton reclamou que um garoto na escola o aborreceu muito e tinha brigado com ele, consequentemente dele desfazendo a amizade. (Naquela época éramos apenas os três e só alguns anos depois foi que nasceram o José Leonildo, a Maria de Lourdes, a Silvia Maria e a Sandra Luiza).
Nunca mais esqueci essas palavras e aquela lição. Meu pai sempre esteve certo. Ninguém pode viver bem sem ter pelo menos uma pessoa amiga ao seu redor. É muito gratificante querer bem as pessoas e também ser querido por um amigo. Por essa razão procuramos ter conosco, pessoas assim igual tu és.
Obrigado por me dedicar a tua amizade. Mesmo à distância, com esta missiva me sinto mais próximo de ti.
Espero que doravante possamos nos comunicar muitas outras vezes, nos entretendo somente com as coisas alegres e felizes que a vida venha a nos proporcionar. É para isso que servem as missivas.
Vamos deixar as aflições e alguns dissabores normais do nosso dia-a-dia do lado de fora. Para selar ainda mais a nossa amizade tomo a liberdade de deixar uma mensagem da minha autoria, escrita quando eu ainda morava na Praia Grande, em São Sebastião (1960), justamente por conta do que o meu pai falou. É mais uma das tantas outras que escrevi e que já estão publicadas no meu site de escritor: “ www.clementinopoetaemusico.com “
AMOR E AMIZADE
A amizade sempre precede o amor, posto que seja impossível existir entre duas pessoas um grande amor sem que exista, ou antes, tenha existido entre as mesmas, uma grande amizade. .
Todavia, é perfeitamente normal existir entre dois seres uma grande amizade sem que jamais tenha existido entre eles um grande amor.
(CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.)
Por essa razão numa tarde de domingo sem absolutamente nada para fazer, não tendo pra onde ir fiquei matutando e então escrevi uma carta a uma pessoa muito querida contando a minha dificuldade de adaptação na capital, bem como o quanto eu sentia a falta dos meus amigos ausentes.
Segue o teor principal da carta:
Certa vez o meu pai conversando comigo e os meus dois irmãos mais velhos durante o almoço de domingo, ainda à mesa, daquele jeito matuto e humilde de falar, com um linguajar brejeiro nos disse:
Óia aqui Tininho (sou eu), Nilton e João, um homem num pricisa sê rico pra sê filiz. Num pricisa tê navio, palacete, artomóvel, fazenda, pote de ouro e nem de pedras priciosas. Pricisa sim, tê bastante leitura (estudo), tê um trabaio digno i honesto (pode inté sê lixeiro), tê o nome limpo na praça e tê também pelo menos um amigo sincero e verdadeiro e sabe reconhecê esse amigo im quarqué lugá. Ninguém pode vivê bem aqui na terra sem tê um amigo, memo que seja o irmão ou a muié (esposa).
Papai nos falou isso porque o meu irmão do meio, o Nilton reclamou que um garoto na escola o aborreceu muito e tinha brigado com ele, consequentemente dele desfazendo a amizade. (Naquela época éramos apenas os três e só alguns anos depois foi que nasceram o José Leonildo, a Maria de Lourdes, a Silvia Maria e a Sandra Luiza).
Nunca mais esqueci essas palavras e aquela lição. Meu pai sempre esteve certo. Ninguém pode viver bem sem ter pelo menos uma pessoa amiga ao seu redor. É muito gratificante querer bem as pessoas e também ser querido por um amigo. Por essa razão procuramos ter conosco, pessoas assim igual tu és.
Obrigado por me dedicar a tua amizade. Mesmo à distância, com esta missiva me sinto mais próximo de ti.
Espero que doravante possamos nos comunicar muitas outras vezes, nos entretendo somente com as coisas alegres e felizes que a vida venha a nos proporcionar. É para isso que servem as missivas.
Vamos deixar as aflições e alguns dissabores normais do nosso dia-a-dia do lado de fora. Para selar ainda mais a nossa amizade tomo a liberdade de deixar uma mensagem da minha autoria, escrita quando eu ainda morava na Praia Grande, em São Sebastião (1960), justamente por conta do que o meu pai falou. É mais uma das tantas outras que escrevi e que já estão publicadas no meu site de escritor: “ www.clementinopoetaemusico.com “
AMOR E AMIZADE
A amizade sempre precede o amor, posto que seja impossível existir entre duas pessoas um grande amor sem que exista, ou antes, tenha existido entre as mesmas, uma grande amizade. .
Todavia, é perfeitamente normal existir entre dois seres uma grande amizade sem que jamais tenha existido entre eles um grande amor.
(CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.)