O Abandono - Donzela do Gelo
O Abandono
A questão do abandono, não é ser abandonado. É abandonar-se. É parar de se reconhecer como ser, e ir minguando. Minguando nas atitudes, se tornando refém de algo invisível. É desaprender a olhar-se de dentro para fora. É ofegar, não lutar contra a maré, e deixar-se ir além do que não se quer. Mas está tão entranhado, que fica quase impossível viver sem dor, de tanto que a gente se acostuma.
É uma prisão dos sentidos, das vontades, são as cordas que fazem as amarras. É a água salobra que escorre pela garganta e afoga os pulmões evitando o grito. E sem gritos, não há pedidos de socorro, pois dependendo de onde você está nesse processo, quem te ouvirá?
O Abandonar-se é maltrato dedicado, é olhar-se no espelho e cultivar marcas de rancor de si mesmo. Se maltratar dia a dia e pensar que isso pode algum dia produzir algum tipo de beneficio. Ao redor o mundo fica estagnado, a roda gigante para, e o parque de diversões, perde uma das suas mais belas atrações. A roda que deixa você ver quase metade do mundo todo!
Isso tudo nos é afastado, engolido pelas pupilas falhas, olhos frustrados por todas as tentativas que deram erradas, por todos os sonhos que não foram, apenas. Abandonar-se é dizer a si mesmo, não me amo mais, não me vejo mais, e com isso nos tornamos menos um, menos na vida que não para seu curso. Não se iluda, a vida não vai parar. Nunca. Esteja você feliz, infeliz.
O Auto abandono desorienta, não há bússola, para retorno. O que há é o reconhecimento de que você não está bem. É se olhar, querer-se novamente para si. Para que tudo volte. E para que recomeçar, é preciso amar-se, só a redenção no amor.
E assim, neste resgate de si, para si mesmo, o percurso é solitário.
Ninguém além de ti mesmo, fará o caminho. O Amar-se vem de dentro, vem do seu próprio resgate. Do amor restaurado, a passos pequenos, mas confiantes de que no fim, você estará, amando-se, doando-se a si mesmo. E o mais importante, estará de pé.