Carta para Julieta
Lustron,12 luas do ano mago lunar branco
Caríssima Julieta,
Escrevo desde Lustron, minha terra natal. Soube de sua triste história através de minha mãe, uma sacerdotisa druida, mulher sábia e que não se deixava levar pela paixão: - fogo -fátuo que evanesce no éter.
Eu nasci com um dom muito especial e, se você o tivesse jamais teria cometido essa atrocidade contigo, minha boneca/princesa. Porém nossas vidas, distantes vidas, passou-se em épocas e lugares distintos onde a dobra do tempo fazia curvas entre céus e terra.
Talvez se eu a tivesse encontrado nessa dobra temporal pudesse avisá-la que a pressa da juventude a levaria ao fim prematuro. Sim, lhe contaria porque meu dom especial é a premonição e meus olhos tornam-se faróis em noites escuras e tudo eu vejo e sei, mesmo contra minha vontade.
Nem sei bem porque lhe escrevo esta carta, porque nunca a receberás. Nem tu e muito menos teu Romeu. Porém acho de bom tom deixar um registro para as gerações futuras contando que um dia em algum lugar dois jovens morreram por amor.
Também preciso registrar que o AMOR deve sempre insistir e persistir, mas que tomem cuidado com a paixão, porque ela consome e é fugaz.
Por isso amada Julieta teu legado ficará para sempre marcado como tragédia e as gerações vindouras (talvez), saibam esperar o momento certo para dar-se ao amor e sobreviver a ele.
Já eu, devo confessar, tive um amor só nesta minha vida e foi assim também, intenso, escondido e trágico. Como vê não me diferencio muito de ti. Burlei as regras da sociedade e fui descoberta.
Minha mãe era druida, já eu uma ninfa. E as ninfas NUNCA deveriam se apaixonar porque em brumas se transformariam. E isso só não aconteceu comigo por causa da magia de minha mãe. Mas eu perdi meu único amor... Ele foi assassinado e seu corpo nunca foi encontrado.
Estou viva, mas fico a me perguntar: “-seria melhor estar como tu?” Não sei a resposta minha amiga...
Esta é minha história, tão triste quanto a tua.
Com meu carinho deixo afetos e que eles se espalhem até Verona e cubram de pétalas teu túmulo.
Carinhosamente
Melina*