Não apague o sorriso em você.
“Se a razão faz o homem, é o sentimento que o conduz”. (Rousseau).
Estava a registrar um dos sonhos e fora narrando como se um fato fosse, e fato ficou-se.
Quando foram jogar aquele jogo de dominó e misturavam peça com peça, ele dizia: quando as minhas peças se embaralha nas suas peças, já não sei onde estava as minhas, e onde estava as suas.
E o prazer dos sentidos ficara sem sentido, parecia uma embriagues sem nenhuma bebida, bebida.
Foram transportados para outras dimensões e lá praticavam mutuamente as relações da afetividade.
Ela o retribuía com docilidade os afetos que ele lhe dava, e já não sabia se sabia onde cantava a sabiá, onde cantava os versos que compunha, assim ficara a pensar:
Como deixar para trás alguém que tem necessidade de dar passos em compasso com os passos dados pelos passos meus. E fora catando palavras; letra por letra, muitas escaparam pelos vão dos pensamentos.
Naquela noite toda estrelada a lua girou, girou, fez todo o percurso, sendo cativada e cultuada em versos e prosas até que a aurora despontou toda radiante, irradiando energias, tudo numa grande oblação!
Ficaram sem palavras, respeitaram o silêncio!
Aquela aranha famélica que de repente o deixara paralisado, ali bem na sua frente, enquanto caminhava, pensava; a beleza é tempestiva e os imobiliza de encantamento, faz a viagem ser mais animadora e lá mais adiante, naquela.
Estavam os dois a sós, naquela solidão sem mais ninguém, com os pássaros, com os insetos, sem cobras e sem lagartos numa relva suave e calma.
Resolveram que deveriam acender a fogueira, deixar a brasa queimar, e assim de repente, pararam frente a frente, olhos nos olhos, ele embasbacado começara a dizer: Olhar para você, ler a sua alma, sentir o seu rosto singelo e calmo, toda luminosa, sabe que dá vontade?
Deu vontade de segui-la e pedir diga-me alguma coisa diga.
Ela sem muito pensar pediu um abraça-me, e ele inopinado, na confusão ensurdecida, entendeu beija-me?
A mulher fálica que tem os atributos sedutores da abelha e da aranha e que oculta em si, as contradições que tem as curvas da serpente e a fosforescência de um gato, o fez anoitecer em pleno meio dia, mas não de agonia e sim de alegria. Parados estavam paralisados ficaram.
Resolveram então sentar na relva, talvez por causa daquela invisível festa em cada um, sentiam todo o perfume das flores; olhavam as plantas e ficaram em contemplação, queriam até convidar todos os animais e promover uma festança na roça.
A maturidade vai se reconstruindo lentamente, às vezes mente e engana, enquanto o espelho apavora, impressiona e resume uma vida inteira.
Contra tantos obstáculos vencidos, contra tantas doenças curadas, contra tantos desesperos superados, aquele sorriso como qualquer sorriso é como o nascer de um novo dia.
Não apague o sorriso em você, mesmo que ele não te vê por causa da TV