O DIÁRIO DE UM IDIOTA
Na mesma linha que o diário de um banana, o diário de Zatra, o diário do Doug funny, o diário de Anne Frank, os diários de Jack Keroauc...Eu começo hoje o meu próprio diário, o diário de um idiota:
Querido diário, desde terça-feira estou lendo a biografia do slash do Guns n’ roses (Peguei ela emprestado na segunda com o Arthur, o filho do alemão, o alemão que vende bombinhas, manja? Mas na verdade ela é do bruno, o bruno, o que mora no soberana e toca guitarra base na banda vacão. A banda vacão que...) O Slash é própria personificação do lema “Sexo, drogas e rock n’ roll. Não consigo parar de ler. Ontem mesmo eram quase cinco horas da manhã e lá estava eu lendo uma página atrás da outra, sem conseguir largar o livro e deixar um pouco pra depois. Hoje mesmo já acordei pegando ela pra ler, mas ai minha irmã chegou pra fazer a “faxina” e tive de deixar ele de lado. Essa faxina foi “contratada” por mim em troca de dois livros como pagamento. Isso aconteceu na semana passada, mas só hoje ela veio limpar a casa. Folgada. Os livros foram pagos adiantados meu. (Minha irmã, meu amor, minha paixão, minha vida!). Durante a limpeza ouvimos primeiro um pouco de Frank Sinatra, mas não combinou muito com o clima “faxina”, então tirei e coloquei o beast boys, o que funcionou melhor (O do Van Halen não quis pegar). Eu e o Joãozinho até ensaiamos uns passes de break. A brincadeira foi divertida. Quando já estávamos quase terminando tudo arrisquei pôr pra tocar Alanis morrissete, o que também não deu certo. Sendo assim tirei ele e coloquei um de Jazz dos anos trinta. Ultimamente eu ando meio viciado nuns CD’S de jazz que comprei na casas André Luiz tempos atrás. Quatorze CD’S ao todo. Duke wellington, Charles parkes, Glenn miller, Dexter Gordon… Muito chapado!
Fim da faxina, hora do banho, mais um CD, Emerson Lake Palmer. B.A o que foi que você fez com meu gosto musical. Como é que eu posso gostar desse tipo de musica agora? Nada como entender melhor o porquê das coisas né mesmo cara. E falando em conhecer um pouco melhor as coisas, limpando alguns livros na estante, achei um sobre yoga que você emprestou pra Thais e dentro dele tinha um poema Taoista. Quando acabar o programa no rádio que eu ouço quase todos dias vou ler ele e provavelmente continuar o Slash em seguida.
Mais mudando um pouco de assunto...
Que graça teria a vida sem umas polemicazinhas, umas tretazinhas, umas fofoquinhas, não é mesmo querido diário? É por essas e outras que eu sempre quando posso faço algumas provocações nesse sentido. Por exemplo, esses dias postei uma carta que escrevi pro B.A, e na introdução desejei-lhe um monte de infelicidades e desgraças para a vida, lembra? Então, tenho quase certeza que por conta disso muita gente se deu ao trabalho de ler. Mesmo que o tom tenha sido de brincadeira. Mas se fosse escrito de outra forma eles certamente me ignorariam completamente “lá vem esse bosta de novo. Puta cara chato da porra meu! Quem esse merda pensa que é. Que cara mais metido a besta, ridículo, estranho, arrogante, doido”
A maioria das pessoas geralmente quer ver sangue. Querem que o circo pegue fogo, que a casa caia... E se for contra aqueles que elas não vão muito com a cara, melhor ainda.
Entendeu o que quero dizer diário? A manchete tem que ser sensacionalista. É isso que dá ibope. A maldade sempre está em alta. Eu mesmo vivo tentando cativa-los de outras maneiras, as vezes com humor, criticas, ironia, cinismo, sarcasmo, deboche, contradições e provocações diversas. Mas nada funciona tão bem quanto instigar o prazer sádico deles ha-ha-ha.
Mesmo com todo o meu esforço para entreter e fazer amigos, a sensação é de que eu não estou agradando nem gregos e nem troianos. Mas talvez seja só paranoia minha. Mesmo assim eu não consigo controlar meus pensamentos. Minha imaginação é bem fértil quando diz respeito ao julgamento que os outros estão fazendo de mim. Não que eu me importe muito com isso, mas seria bom ser compreendido as vezes, só pra variar. Não gosto de ter “inimigos”, principalmente quando eu não sei o motivo. Digo isso porque, ao menos a meu ver, estou sempre tentando o contrário. Eu sou um cara muito gente boa, é sério, sei que as vezes não parece por conta do meu tom meio arrogante nalgumas coisas que escreve e posto aqui (inclusive essa ai de cima) mas no geral, eu sou gente fina. Eu juro que é só por tédio e mais algumas tentativas toscas de fazer “literatura” ou ser engraçado e nada mais. Escrever por enquanto é uma das poucas formas que arranjei pra me aliviar. É tudo tão chato e sem graça por aqui, você não acha diário? E por conta disso eu geralmente prefiro o ridículo ao tédio. O amor ao ódio. O risco a mediocridade. E você?
Ps: Amanhã assim que acordar estarei mais uma vez de olhos abertos para um novo dia. Mais um dia. Dia após dia. Como se fossem sempre os mesmos dias dentro de uma círculo fechado. Não haverá qualquer mudança drástica perante a visão limitada que tenho das coisas que acontecem a minha volta. Não retomarei do ponto que parei no dia anterior. Isso aqui não é uma continuação e sim uma repetição infinita. Viver é uma rotina penosa, e como disse a tia da Thayame com sua filosofia existencialista, “cabe a nós dar-lhe o nosso próprio sentido e torna-la o mais agradável possível”. O que não é nada fácil de se pôr em pratica, até Sartre concordaria.
Até outro dia então querido diário.