Uma fagulha de esperança.
Alguns sonhos longe. Um vendido, outro sepultado à beira da estrada, e outro adormecido em um quarto escuro dentro de mim. Com isso, ganhei a paz do dia e o inferno da noite, que se faz presente em meu quarto. Sou julgado pelo preço barato que vendi meus sonhos, atormentado pelo fantasma do sonho que enterrei, e escuto o ronco do sonho adormecido no quarto escuro.
Mas nada que o cansaço do trabalho e um Rivotril não resolvam. Esqueço de tudo. No entanto, pela manhã, junto com o som infernal do celular, vem à lembrança das perdas. Está perdida a doçura da infância, a leveza de ter os pés soltos balançando pelo ar, sentando em um banco de praça qualquer. Perdido o espírito de desbravador, perdido o espírito de Romeu, consequentemente perdesse a Julieta, ambos morreram envenenados, pelas sementes que foram semeadas por aqueles que queriam saber mais de mim, sem ao menos se conhecerem.
Depois de tanto chorar, o bom é saber que nem tudo está perdido, que lá no fundo de mim, há um sonho liberto, encolhido em um canto, mas livre. Um sonho que ganha vida nos abraços e beijos da pessoa amada que está por ai, tão perdida quanto a mim. E no meio de tantas negativas, uma esperança renasce de que um sonho ainda não acabou.