Tecelão

Não sei se isso ainda existe, se ainda é assim, se continuará a ser assim,

Mas um dia você me quis pra você,

E já me disse que procura outros agora, que quer conhecer outros horizontes,

E eu não sei mais se ainda me quer.

Mas eu talvez agora a queira, ou já pensei nisso antes, e não sei se vou pensar nisso depois,

Um dia quem sabe eu possa entender você, mas pra isso vou precisar de tempo nessa virada de mesa que parece cada vez mais uma enrascada.

Uma cilada.

Vivo esse constante romance, dito sempre entre linhas (e que linhas!),

Por hora se torna sensual platonismo,

Chamando por amor,

Que não tem toque nem beijo, nem mordida nem abraço,

Só nos sobra esse carinho, nessa tela que não é 3x4.

Essa coisa louca que escrevemos, vai criando vida, vai se assemelhando a uma ventania,

Que passa e tudo descaminha.

Vou caminhando por uma estrada torta que você conhece bem,

Vou trocando de lugar, me deixando a desejar você sabe quem.

Vou caminhando pelas suas linhas, essa sua doce poesia, que não me deixa dormir,

Vou trocando de lugar, vou me enfeitando de praia e mar,

Desenhando a perfeição, como um tecelão de sonhos, feitos todos em algodão.

Vou transformando o ideal, em imaginação,

E numa festa feita de confete,

Vou me abrindo, deixando o caminho em branco,

Como uma folha, em que uma poetisa por ai,

Que só deixa letras em meu coração...