Está mais confuso aqui dentro do que aqui fora

Eu não acredito que terei que te escrever mais uma vez só para dizer-lhe que sinto sua falta. Você não entende o quanto me deixa mal todas essas lembranças, muito menos o quanto eu tento parecer levar essas mudanças numa boa, mas o fato é que é impossível encarar isso com um sorriso na face. Eu queria mesmo que você compreendesse o quanto tudo aquilo era importante para mim, o quanto eu sinto falta do que eu era, de como as coisas eram. Eu queria ter te dito antes, mas tinha medo de soar estúpido e infantil, porque nós já perdemos toda a ingenuidade e deixamos de achar que tudo duraria para sempre, e parecia melhor guardar pra mim, do que correr o risco de expor meus sentimentos mais íntimos para quem nunca entenderia, para quem talvez nem tentasse entender. Eu implodia de lágrimas e sorrisos para não explodir incompreensões. Eu sofro muito com isso, e em meio desse oceano de saudade, correm as águas da sua história, eu sempre me lembro de como eu te tinha, de como eu conseguia te fazer sorrir, de quando me abraçava sem motivo e confiava à mim tudo que lhe entristecia ou animava, até suas incômodas ligações na madrugada me fazem falta, aquele seu jeito irritante de me perguntar o quanto te amava…amara…amei… amaria... amarei...amo, não sei, talvez, mas é tudo tão incerto para afirmar com alguma mínima certeza, mesmo até do que sinto, principalmente sobre o que sinto, está mais confuso aqui dentro do que aqui fora.