Medo de perder-te

Por um segundo achei que você fosse por um fim em tudo, como que não bastasse, como que não suporta, como quem já está saturada. Prendi a respiração, segurei o ar dentro de meus pulmões, para não me mexer e não sentir o tempo passar, segurei o fôlego como se o tempo fosse contado por cada expiração. Tinha medo, não deveria, mas não queria ser obrigado a esquecer tudo, como eu teria de fazer se repentinamente as coisas mudassem. Acho que quero ter uma chance de te ter novamente, reconquistar o amor que eu perdera, e aquelas palavras que prosseguiriam quando eu expulsasse o ar para fora de meu corpo transformaria toda minha esperança em mera utopia. Eu não sei o que lhe parece, mas não quero que saia de minha vida nem quero que tire-me da tua, e garanto que estou fazendo de tudo por essa causa, mudando meus maus hábitos por ti, dando-lhe mais espaço, definitivamente estou tentando não te perder, mas não sei se estou fazendo isso direito, parece que não está dando certo.

Você me deixou sem uma resposta, deixou-me com um rio a transbordar nas margens das pálpebras, fitei o horizonte a minha frente, sem reação, sem chão, apenas um imenso esforço de me manter inteiro e de tentar entender o que se passara, embora não soubesse se entender era mesmo o melhor a ser feito. Tudo isso parece um tanto exagerado, percebo, mas talvez não seja, embora pareça mesmo um bolo de sentimentalismo exacerbado, não sei, não entendo direito o que está acontecendo. Exagero ou não, essa é a forma que encontro de transformar meus sentimentos em palavras, o mais fiel possível, mesmo que um tanto distorcidas.

Acontece que minhas lembranças, sejam elas reais ou fantásticas, me agradam, fazem-me feliz, bastante feliz. Só memórias, histórias que tento trazer à tona, vive-las novamente, e espero que você também sinta falta delas, porque eu sinto, e sentir falta é sinônimo de satisfação, uma vez que ninguém sente falta daquilo que um dia lhe fez tanto mal.

Estou tentando ser importante para ti novamente, porque ambos sabemos que já não importamos mais. Entretanto, sinto-me como quem luta sozinho, não vejo nenhum esforço de sua parte, e é difícil para mim saber que você não se importa em restaurar o que perdemos, e não desistir de tudo. Mas eu tento, do melhor jeito que encontro, ainda que não seja o jeito eficiente.

Acontece que eu também preferia acabar com essa história e cada um cuidar de sua vida, mas quando tudo estava por um fio, minha mente criava cenas atrozes que me assombravam e me fizeram ver que esquecer-te não era o que eu queria, longe disso. Não quero, de jeito algum, te perder, não pelo que somos, mas pelo o que um dia nós fomos.