Nós
Meu anjo, estou tentando lhe escrever uma carta que eu consiga te fazer entender tudo o que já sabe, mas eu travo, enrolo as palavras e esqueço os sinônimos. Não sei escrever o que sinto, mas acho que os sentimentos têm esse objetivo; nunca, de fato, foram feitos para serem expressos com tamanha exatidão. Então me perdoe se não digo as palavras certas, é porque estas fogem de meu vocábulo, são expressões um tanto quanto fracas para descrever o que sinto por ti; e não quero, de modo algum, que ache que me provoca emoções tão vagas. Mas é incrível o quanto te escrevo em contraste com o nada que consigo dizer coerentemente entre tantas palavras frívolas. Então, você me atrai, em todos os sentidos e todos os modos, do ponto que eu te quero da tua alma ao teu corpo, porque te amo em todos os planos, seja no espiritual ou carnal. Não me contento em ter apenas sua alma, mas não poder sentir o toque de tua pele roçando a minha, o conforto de tuas palavras me angustiam em tua ausência. E como posso te ter tão distante e te sentir tão perto?
Toda a noite deita na cama querendo poder acordar contigo, e nem mesmo os quilômetros não são capazes de fazer-te longe, pois estás constantemente em meu mais íntimo desejo; viva, perto, amada e minha. Mas essa dita “presença” incomoda tanto, amor. Eu queria poder sentir sua respiração, ouvir as pulsações de teu coração, envolver-te em meus braços e ficar assim para o resto de nossas vidas, e assim a gente vai se cuidando, enquanto eu te cuido e você me cuida; tão perto como um único corpo, tão nosso como uma única alma.