Quando deve parar de doer.
Faz tempo que não escrevo nada, mas agora já sei o que, de fato, estou querendo dizer. Acontece que, ainda que do pior jeito possível, descobri que, quando alguém se vai ou larga um posto na sua vida, imediatamente, ao menos não demora muito, para aparecer alguém que supra a ausência de quem se foi. Então é isso, em momento algum neguei o sofrimento, só alerto que ele é rápido, entretanto suas consequências são definitivas. Há de concordar comigo que não há sentido em voltar para alguém que você já aprendeu a viver sem, é uma atitude suicida por em risco todo seu progresso de desapego.
O fato é esse, e já está mais do que claro. Sou uma pessoa de agora e não vou segurar os ponteiros para que as horas não passem; desde ontem iniciei um novo marco em minha vida, tenho que aproveitar que está parando de doer, que estou começando a terminar de esquecer, que estou ficando bem, ou quase "mais do que bem". O problema sempre foi o amor; eu amar mais a mim do que posso amar outra pessoa. Se não conhecer, prazer, isso se chama "Amor Próprio". Já o deixei muito de lado para satisfazer alguns caprichos que só me fizeram mal, o luxo de pessoas que nem se quer se mantiveram em minha vida e que agora nem fazem falta, porque é como eu disse: logo logo aparece alguém para tapar o espaço que deixaram. É quase que indolor. Quase.
É um tempo singular, confesso, esse de deixar de se importar, porque depende mais do individuo do que do relógio em si; é um tempo medido pela dor, enquanto dói é difícil largar, mas a medida que a dor vai passando, e passa rápido, tudo flui com uma extrema facilidade, mais fácil do que acharíamos ser possível, mais do que até gostaríamos que fosse. A verdade mesmo é que só se aprende o que é bom depois que se prova do ruim.
Não posso garantir como as coisas serão, não posso dar um tempo, nem exato nem aproximado, apenas quero deixar claro como as coisas são, quero deixar avisado de antemão, não quero surpresas. É uma coisa que não cabe a mim mudar ou evitar, elas simplesmente são, alguma coincidência das mais úteis que surgem. Tudo passa mais rápido do que se espera e, de repente, a gente não precisa mais.