EU QUERO TE DIZER UMA COISA
Ei... Ei! Ei! Você mesmo! Você que me lê agora. Isso é uma carta que tem tudo a ver com você. Um dia frio ou um dia quente em que tudo parecia nada e você vazio e as coisas paradas e sem sentido, como se ninguém pudesse entendê-lo. Você sofre. Ninguém escuta. Você reclama das coisas e das pessoas. Ninguém escuta. Você olha para o mar e o mar nada diz. Você olha para a cidade e a cidade nada diz. Você olha pra si mesmo e o que vê no espelho é um rosto estranho, um rosto que não diz nada do que você é ou foi... E não há canção no rádio capaz de te dar uma ajuda. Parece que tudo conspira... O sinal está fechado. Irremediavelmente fechado! A fila enorme e você é o último! Os carros passam e não veem você! Não se preocupe! O mundo, muitas vezes, não vê a gente. Entretanto, outras tantas vezes, a gente não vê o mundo. Não vê a flor no asfalto, não vê a criança que sorri, não vê o pássaro que voa e corta a cidade, não vê os pequenos milagres cotidianos que acontecem... Eu quero te dizer uma coisa: você não abre a porta ou a janela! Abra! Você não tira o chinelo e não experimenta o toque dos pés no áspero chão? Tire os chinelos! A vida é experimentar, sofrer, chorar, rir, tentar e tentar e tentar inúmeras vezes tentar. Ei! Eu quero te dizer uma coisa: Viva e ria, apesar dos problemas, apesar do tumulto e da insensibilidade de alguns. Peço que assim que terminar esta carta, pegue-a com carinho e deixe que as palavras percorram mares e montanhas e cidades. Deixe com que as palavras fiquem livres, feche os olhos e sinta o vento e sinta o tempo e sinta... sinta... simplesmente...