CARTA AO LEITOR
Meu caro leitor... tenho uma profunda preocupação contigo. Estão fáceis e rápidas as comunicações de nosso tempo. Segundos, centésimos ou milésimos de segundo... Falamos com qualquer um em qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo. Uma tecla, um toque, um piscar de olhos e palavras (poucas palavras) vão e vêm e vêm e vão em uma correria frenética. Acabou-se o tempo das cartas longas. Acabou-se o tempo dos textos detalhados. Tudo é rápido e muito rápido e deve ser mais rápido ainda. Esta carta mesmo. Ela deveria se estender por mais linhas, no entanto, a pressa é grande e o tempo escasso. O que será lido daqui para frente? Manuais, cartilhas de uma página, histórias de uma linha. E cada vez mais imagens tomam o lugar de palavras. Afinal, uma imagem, uma imagem só que seja vale mais que mil palavras. E tudo não passa de luta vã. Luta ingrata. As palavras se despedem... E não há mais o que se fazer a não ser olhar e olhar e olhar...