À Minha Amiga de Outrora

14 de outubro de 2011.

Minha querida amiga, eu escrevo estas poucas linhas às pressas apenas para dizer-lhe o que sinto e, o que se passou comigo. Espero não fadigá-la com a minha melancolia nem com juras vãs como fazem aqueles que travestidos de ovelhas, em verdade são lobos devoradores. Não víamo-nos há quanto tempo? Oito? Dez anos? Dez anos! Quanto tempo já foi da vida e nem me dei conta. E você deste? Presumo que também não, todavia, és tão bela quanto me recordo. Pensar no meu passado me faz chegar à seguinte conclusão; como nasci mau para competir! Igor e Leandro me venciam em tudo: no futebol, nas brigas e com as garotas. Foi difícil a infância para um tonto como eu fui: sempre me surrupiavam a caneta, o caderno e os primeiros beijos das meninas. Cresci e como um déjavù, isso voltou acontecer por todos os lugares por onde andei, com uma cotovelada e olhares maliciosos, eliminavam-me do jogo. E eu ficava sem a acompanhante do baile. A coisa mais difícil do mundo é dizer para uma pessoa que você gosta dela. Sempre há algo de patético numa declaração de amor. Todas às vezes que tentei, falhei. Elas riam-se. E, eu ri depois, amargamente talvez, porém, aliviado mais tarde, porque o que não era para ser não era para ser. Amiga de outrora, a verdade é que fiquei feliz em revê-la, saber que está bem, apesar das dificuldades, está formada e com bom emprego e ainda tem aquele mesmo rostinho de dez anos atrás. Ah, dez anos! Há dez anos eu subia a minha rua pensando alegremente no passado e hoje, eu subo a mesma rua e não penso em nada! Segui à jornada da vida, esperando encontrar grandes maravilhas, mas apenas encontrei gente igual à outra. Decepcionei-me com a vida e, quando me olhei no espelho; perdi-me, era igual à gente que eu tanto abominava. Tentei tirar a máscara, mas já estava grudada em mim. Afundei-me no cárcere dos estudos e negligenciei à minha vida pessoal e nada consegui. Lembro-me, que na saída da escola, sempre nos beijávamos na despedida, se eu tivesse me declarado para você, hoje; seria feliz. O certo é que andei mirrado escondendo com orgulho a minha condição de apaixonado idiota; uma faceta da minha idiossincrasia. Em meio a esta caverna mal iluminada que eu acreditava ser a vida, muitas vezes confundi a realidade por sombras projetadas na parede, mas me libertei dos grilhões e fugi da caverna e tive o deslumbre do sol, não era a vinda do Nosso Senhor, porém, também havia algo de espiritual; era você, amiga de outrora, eu te re-encontrei! Não pude esconder meu regozijo, e o teu sorriso... Ah o teu sorriso! É a maior beleza desta terra, é capaz de aumentar minha coragem para enfrentar o dia a dia fastidioso; os patrões, os clientes e levar dinheiro para casa. O teu sorriso é capaz de inserir um sentido em minha vida, de dar-me um propósito; de pensar em constituir família, de me tornar uma pessoa melhor; aceitar a vida como ela é e conseguir ver a beleza nas coisas. Conversamos por quanto tempo? Uma hora? Quarenta minutos? Não importa. Fiquei triste e feliz ao saber do término do seu noivado. Senti-me bem ao revê-la. Pareceu-me que o céu era mais azul, o sol era mais brilhante e até os pássaros pareciam-me cantar uma doce melodia. Sempre quando penso no teu sorriso me sinto dessa forma; quero acordar todas as manhãs e ter esse sorriso do meu lado, esses lábios para eu beijar. Não fique triste por quem não te merece. Não chore esta noite, amiga de outrora, não consigo encontrar uma frase melhor que esta: você nunca encontrará ninguém que ame você tanto quanto eu te amo.

Seu afetuoso amigo,

D.A.

Diogo Abreu
Enviado por Diogo Abreu em 29/06/2012
Código do texto: T3751748