Confissões
Talvez faça agora cinco anos desde que acreditei em você... Porém, que tinta descreveria, ou melhor, que borracha apagaria toda má lembrança desses últimos anos? Escrevo... e talvez você jamais leia (que dirá entenda!) o que disponho neste insano momento.
Não consigo perdoar-me. Penso em todo verso e toda desprezível declaração de amor que fiz, e me culpo. Era para você que almejei ter dado todo meu amor e devoção! A mais fiel paixão queria dar! Será tarde demais?
Meus olhos já desfalecem de te esperar. Cheguei ao ápice da angústia, pensando que você não existe, oh meu anjo! Sim, sim! É mesmo um anjo, de forma que os céus dos céus fazem entre mim e você separação tal qual se afasta a criação da própria existência.
Diz-se que a esperança é a última que morre... Comigo, essa não é uma verdade, antes, o amor é o último que morre: Pois já não tenho esperanças, e mesmo assim continuo a amar. Quimera...
As lágrimas? Não as derramo. Fogem de mim como ribeiro de águas transbordantes. Com elas encheria um mar e inundaria a terra. Com as mesmas me sirvo a cada segundo, cubro-me, afogo-me. Bebo o cálice e solto um gemido irresoluto, oco, desfeito, alquebrado. Perdoe, perdoe! Tu eras o bem e não o mal. Até quando? Confesso: Não suporto tanta ausência.
Ainda que a sinto eternamente distante, rogo: Venha depressa e prove que estou errado, que sonhei com algo que verdadeiramente existia! Que o poeta não é sempre um fingidor! Que ainda existe amor! Amor! Amor!