CARTA AO POETA PALÍIN DE CABACÊRA-PB
Natal, 20 de agôsto de 2010
Seu Palíin de Cabacêra,
O seu pidido aí vai.
Nuis verso de Bob Motta,
Qui a memóra num me trai.
Tiro da minha memóra,
E mando, in verso, a históra,
Qui é uis dado de meu pai.
Pai, João Francisco da Motta,
Era macho prá xuxú.
Gostava de rapadura,
Xáique, farinha e bêjú.
Nasceu, se quizé, cumprove;
No Século Disenove,
Num sítio, in Caruarú.
Nunca sôbe o qui era istudo,
Nunca foi numa iscola, não.
Fíi d’um casá de matuto,
O mais véi duis seus irmão.
O qui aprendeu, in verdade,
Foi na Universidade,
Dais caatinga do sertão.
Tombém aprendeu lição,
Puras barraca dais fêra.
In Pirauá, lá no Brejo,
Arrumô uma guerrêra.
A minha mãe, Sivirina,
Ainda quage minina,
Sua fié cumpanhêra.
Arregaçaro ais manga,
Uis dois junto, in seu distino.
Trabaiando in noite fria,
Ô de dia,in só a pino.
Dando contado recado,
O casá disinfadado,
Danô-se a fazê minino.
Trabaiando, fêiz furtuna,
Correto no seu camíin.
Fundô curtume in Campina,
In Natá, foi ligêríin.
In Cabacêra, repete,
Comprô de seu Lafayette,
Serra do Monte e Pocíin.
Pai, comprô duis seus vizíin,
Cedro, e ôtas terras mais.
Num era munto de brinquêdo,
Seu pensamento, eficaz.
Era de pôcas risada,
Mais lhe juro, camarada,
Era um amante da paz.
Lá pertíin de Boa Vista,
Comprô, êle; o Riachão.
O Lucas, lá in Campina,
O Poço, lá in Gurjão.
Riacho do Pade e do Reis,
Findando, digo a vocêis,
Cum Maiáda de Roça, in São João.
Taí ais infóimação,
Me adiscúipe aigum ingano.
Sobre meu pai, seu João Motta;
Qui hoje tá num ôto prano.
Lhe abraça, no verso bruto,
Bob, o poeta matuto,
Cum nome de americano...