Racismo

Planaltina Goiás,29 Novembro de 2008.(lar doce lar)

Caro Luciano

Sou sua fã e sempre acompanho seu trabalho de ajudar as pessoas. Gostaria que ajudasse a minha amiga a ter um pouco de dignidade.

Vou contar um pouquinho da sua vida, ela é a Ivanilde.

Essa humilde senhora perdeu sua mãe muito cedo e foi amparada pela madrinha,que era muito pobre e mãe de doze filhos.

Por esse motivo, precisou trabalhar para sustentar-se.

Perder a mãe não foi o pior.

Ele fora trabalhar em uma casa onde era molestada pelos patrões pai e filho.

Cansada de sofrer resolveu arrumar um companheiro.

Casou-se com Francisco também muito pobre porém, trabalhador.

Foram trabalhar em um sítio mas , não conseguiam nem pagar a comida.

Lá ele trabalhava um dia inteiro para pagar uma lata de óleo.Passaram muita fome ficaram messes comendo miolo de babaçu, uma espécie de palmito.E com isso ficaram muito anémicos.

Foi então que nos conhecemos.

Temos um sitio e os convidamos para trabalhar connosco.

Quando lá chegaram, eles calçavam um único par de havaianas.

Tudo o que possuíam veio em um cavalo.

Moraram connosco sete anos então já com cinco filhas, precisaram mudar-se para o povoado vizinho.

Lá compraram um barraquinho com as economias que guardaram, para então colocar as crianças para estudar.

Época em que também separou-se de Francisco.

Os motivos não sei, talvez tenha sido por causa das dificuldades da vida.

Mas ela nunca abriu mão das filhas.

As pessoas muitas vezes diziam; você não tem condições de criar essas meninas,entregue–as para a adoção!

Ela chorava e dizia:

Deus as me deu, ele vai me ajudar a criar, se passar fome passaremos juntas.

No povoado, após a separação e do preconceito ela ficou mal vista.

No colégio suas filhas eram discriminadas,perseguidas...

Nas datas comemorativas nas festividades e apresentações no colégio, ninguém batia palmas para elas, mesmo triste essa mãe se levantava e aplaudia sozinha suas filhas.

Infelizmente o racismo, ainda predomina, parece que ser negro é crime.

Algum tempo depois ela reencontrou um amigo de infância que estava na mesma situação, recém-separado. Ele a acolheu com as cinco filhas.

Ela vendeu o barraquinho onde morava e comprou um lote em Val-Paraíso Goiás e fez alguns cômodos no qual moram precariamente. O local além de pequeno é baixo e muito quente.

Seu sonho é terminar esse cantinho para morar com dignidade.

Seu companheiro Sr. Mariano, é pedreiro mas o que ganha não sobra, as bocas não deixam.

Hoje ela já tem dois netos, está muito doente e não tem condições de trabalhar.

Sabe Luciano, ela chora quando assiste aos seus programas, aliás, ela não perde um só.E sempre fala: se alguém escrever uma carta pro Luciano, tenho certeza que ele vai me ajudar.

Por esse motivo resolvi escrever esta.

Essa é mais uma família que precisa da sua generosidade para morar dignamente.

Grata:

Eleuza.

Helcina Natal
Enviado por Helcina Natal em 01/08/2010
Reeditado em 08/11/2019
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