Na memória do meu coração


Boa tarde, pai!

Espero que tu estejas bem em tua morada celestial.
São oito anos desde a tua partida.Eu nem cheguei a tempo da despedida.

Tu foste a pessoa que eu mais amei neste mundo.
Nunca te falei isto, pois eu era igualzinha a ti, amava em silêncio.Achava que os atos substituíam as palavras.

Nossa convivência durante vinte e cinco anos não foi muito fácil,diz o ditado popular “dois bicudos não se beijam”...
Eu sempre tive muito orgulho de ti, da tua honestidade, do teu amor ao trabalho, tua cultura adquirida pela leitura.
Lembras que me disseste que fugiste da escola no quarto ano?

Apesar disso, pai, sempre valorizaste a educação.Teus filhos precisavam estudar...
Eu estudei por ti e por mim mesma. Sempre fui teu motivo de orgulho, a filha exemplar.
Meus atos até hoje são norteados por teus ensinamentos.

Pena que brigávamos tanto.Só depois que sai de casa, eu dei-te um beijo.Tu também mo deste.

Eu tinha tanto medo da tua morte.Não saberia como enfrentar a tua partida.depois que tiveste o AVC, fui acostumando-me com a idéia que teu fim estaria próximo...

Foram mais três anos, onde tua alma ficou aprisionada num corpo inerte.Nós dois descobrimos uma comunicação muda durante este tempo.Foram dias difíceis para ti, para a mãe e também para mim.

Lembro da noite de 3 de dezembro de 2002, quando Marlene chegou no quarto com os olhos vermelhos.Eu nada disse.Olhei para ela, sacudi a cabeça e entendi.tinha chegado a tua hora...Partiste!

Tenho saudades de ti, mas sei que estás bem com os seres celestiais que te cuidam e te amparam.Tu permaneces na memória do meu coração.

Espero que tu tenhas perdoado as minhas brigas contigo, assim como eu perdoei as tuas.
Descansa em paz!

Até breve, pai!U m dia, nós estaremos juntos outra vez!

Beijos da tua filha,Denise