CARTA A PAULO MAGO E JAIR MENEGUELLI...- Matéria do Cantinho do Zé Povo - O Jornal de Hoje-Natal-RN-Ed. de 05 de dezembro de 2009

Queridos amigos, Paulo Mago (Dr. Paulo Xavier Trindade), Diretor do Hospital Infantil Varela Santiago e Jair Meneguelli, Presidente do Conselho Nacional do SESI: Essa condição de amigos de vocês, faz feliz “fora da conta”, aquelas pessoas que têm o merecimento de privar da amizade de “Vossas Insolenças”. De você, Paulo Mago, tenho a honra e a felicidade de dizer: Dr. Paulo Xavier Trindade, Diretor do Hospital Infantil Varela Santiago, conheço desde o tempo em que êle era apenas Paulo Mago; com quem palmilhei cada pedaço de chão entre o portão da Base Naval de Natal e o Centro de Instrução Almirante Tamandaré, o C.I.A.T; onde se situava o curtume do meu saudoso pai, João Francisco da Motta. Ali, Paulo Mago, nos finais de tarde, na calçada do curtume, víamos e ouvíamos as presepadas de Caboté. Participamos de “n” malhações de Judas e de “n” festas juninas. Também assistimos e participamos “n vezes”, das chegadas do Trem da Esperança. Aquele menino que caminhava com você, com seu primo Chiola, com Ulisses (o Véio Fulêro), Dedé Bento (Seu Chimba), com Vavá (Chapéu Cagado) e com Ascendino Caldeireiro (Teimoso), vem hoje publicamente, lhe aplaudir de pé, “cum a emoção pinotando do peito p’ruis zóio”, pelo seu trabalho no seu hospital. Essa campanha sua e da CAERN, deve ser encampada por todos. Gostaria de poder lhe ajudar com uma força bem maior, pois a que possuo é mínima e você sabe disso... Mas, parafraseando o beija flôr no incêndio da floresta, conte com ”meu pingo d’água para tentarmos apagar o incêndio”. Aproveito para PEDIR ENCARECIDAMENTE a cada leitor do Cantinho do Zé povo, que se engaje na campanha e me sigam, sendo cada um, um beija flôr, tentando apagar o incêndio na floresta da vida.... Já você, Jair Meneguelli; Presidente do Conselho Nacional do SESI; só em 30 de novembro próximo passado lhe conheci. E não é por isso que não possamos ser AMIGOS; com todas as letras maiúsculas, sim senhor. Você estava com sua esposa na orla de Fortaleza-CE, na Praia do Futuro; e viu o futuro que esperava algumas adolescentes que se encontravam, sentadas e felizes, no colo dos “turistas”... Ali mesmo, após chorar de revolta, você começou de imediato a pensar e a agir. E aí está, Jair Meneguelli, sua inexorável vitória! Se juntando a outros valorosos parceiros das iniciativas pública e privada, a nível nacional, estadual e municipal, em 30 de novembro próximo passado, você veio presidir a solenidade de formatura dos primeiros cem jovens (99 meninas e um menino)“resgatados da exploração sexual”. Isso, graças a Deus, a você, aos seus parceiros e à sua equipe, que a começar pelo Dr. Flávio Azevêdo; diga-se de passagem; “é qui nem istôpa; num tem derêito nem avêsso; é boa de todos uis lado”... A rua e o submundo dos aliciadores, perderam cem das suas vítimas; e a sociedade ganhou cem estilistas, manequins e cabeleireiras, formadas pelo SESI, no Centro de Formação que leva o nome do meu irmão Clóvis Motta; e que é tão bem regido pela maestrina Waldenice. E Papai do Céu me deu de presente, a oportunidade de participar dessa sua vitória, que também é minha e de cada natalense, declamando na abertura, o cordel matuto que escreví, intitulado PROJETO VIRAVIDA. Também me emocionei, lembrando do dia 12 de dezembro de 1991, quando ajudado por dois companheiros (pois não tinha condição física...), subi as escadas do Grupo Natal de Alcoólicos Anônimos, iniciando ali o meu VIRAVIDA... A minha exploração não era sexual; era alcoólica e o aliciador era eu mêrmo... Encantado, ví a felicidade estampada nos rostos dos familiares das formandas e vi, olhando o retrovisor da vida, eu mesmo recebendo a minha primeira ficha no AA, a de três meses de sobriedade... Quero aqui, seu Jair; me despedir enfatizando a última estrofe do cordel que apresentei naquela solenidade, quando falei: Taí, seu Jaí Meneguelli,/ essa linda fóimatura,/ qui é sua vitóra concreta,/ qui é diguinidade pura./ Lhe peço prá auturizá,/ a no meu verso chamá,/ o sinhô de cumpanhêro;/ o sinhô faiz eu, daqui,/ emocionado, sintí,/ orgúio de sê brasilêro...

Grande abraço fraterno a Paulo Mago e ao sinhô, do “poeta matuto cum nome de americano”,

Bob Motta

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