O OFÍCIO DO VERSO

CIDADE DOS SONHOS, UM DIA QUALQUER, TODO O TEMPO.

Para você que faz versos ou apenas tece palavras ao vento eu dedico estas poucas linhas. Prometo não me estender. Acontece que me estendo. É comum que isso ocorra. Entretanto, não se preocupe.

Prometo.

Não. Não tenha medo. Eu lhe asseguro, o medo não pode existir quando se escreve. Não. Não pense muito. Pense apenas. Não se inspire muito. Inspire, expire apenas. Não exija muito. Apenas seja o que se é.

Escreva o sol e escreva o mar. Desenhe o céu e pinte o luar. Use as cores, as dores, o fruto e a fruta, o bom e o ruim, o perto e o distante, o amigo e o amante. Diga sim e diga não. Escreva o calor e escreva o frio. O choro e o riso. O certo e o errado.

Mas cuidado!

Escreva com atenção. As palavras necessitam de atenção. Elas são mulheres desejosas. Desejam o abraço, desejam o olhar, desejam o mistério e querem o amar.

Mas cuidado!

Não escreva muito porque a conversa longa entedia. Não escreva pouco porque a prosa parca não aconchega. Escreva o necessário. O que precisa dizer, diga! Não menos e não mais.

Agora as minhas mãos apertam as folhas e decidem que o momento de parar chegou.

Deixo um abraço de vento e um sorriso de momento.

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 16/10/2009
Código do texto: T1868837
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