Confiança
Algumas vezes eu sempre me questionei sobre o que é o amor. Sobre se vale à pena amar ou se amar vale alguma coisa! Talvez algumas vezes eu tenha sido extremista por deixar-me levar pela minha insana vontade de amar e pela minha loucura de querer a solidão.
Eu confio no Saulo. E espero que não esteja errado...
São tantas questões que me interrogam de forma indireta. Mas somente eu sei de algo:
Paulo Henrique confia em mim. E eu não vou decepcioná-lo.
Talvez, quem me lê, já tenha ouvido alguém dizer: “Não valho nada. Não sou importante para ninguém!”. Eu era assim. Ou melhor, ainda sou, pois pouco em mim mudou desde o dia do fato acontecido. Sou voluntário em um projeto, de minha escola, onde visitamos uma creche. Uma das crianças e eu apegamo-nos muito. Seu nome é Paulo Henrique. Talvez três anos de convivência, seja o suficiente para você olhar para uma criança e saber o que ela sente e o que ela pensa. Uma sexta-feira, eu não fui. Na outra sexta-feira, quando tinha de ir, uma amiga me disse que Paulo havia se dirigido a ela e perguntado: - Onde esta meu tio? Ele me esqueceu? Na hora me senti o homem mais importante do mundo, ou ao menos a pessoa mais importante para aquela criança, naquele momento. Isto me fez refletir sobre o seguinte fato: quantas vezes eu disse que não sou importante para ninguém? Quantas vezes eu questionei a vida e Deus sobre a razão de eu estar neste mundo! Quantas outras tantas dúvidas eu tenho em relação à vida e todo o resto. Sou assim. Mas isto não vem ao caso. O que interessa é que refleti e encontrei uma resposta sobre a verdadeira razão de cada um estar neste mundo, seja pela maneira que for. E a razão é mesmo simples e até divertida: cada um de nós tem uma única missão. Uma missão extremamente difícil e ao mesmo tempo desafiadora. Temos a missão de nunca fazer as pessoas que amamos chorarem. De nunca deixar que alguém saia do nosso lado sem se sentir melhor. Não devemos nunca deixar de acreditar no amor e na vida. Nunca devemos sorrir, quando queremos chorar. E nunca chorar, quando alguém precisar de nossa ajuda. Não devemos ser altruístas e esquecermo-nos que também precisamos de um abraço. De alguém que pare e pergunte, infinitamente, o que temos. Alguém que simplesmente fique ao nosso lado em silencio, olhando para o nada, mesmo que por um minuto... Assim deve ser. Não há nada que possa ser feito para mudar-mos tais fatos. Podemos nos apegar em Deus, na fé, no medo, no amor... Em qualquer coisa. Podemos confessar nossos problemas para um estranho psicólogo. Ou para alguém que nós sabemos que esta preparada para ouvi-los. Porem, somente nos sentiremos bem. Ou melhor, nos sentiremos bem, quando pudermos dizer para um amigo: - Estou pronto para te contar. Eu sinto que posso confiar em você. Pois confiança, não é algo que nossa razão possa entender. É algo que sentimos. É algo que acreditamos. É como a fé. Não sabemos de onde vem. Não entendemos porque confiar em determinada pessoa, e não em outra. A confiança que temos é como aquela criança do começo de minha breve carta: eu não sei por que ela sente que precisa de mim. Não entendo porque amo-o. Não sei por que eu preciso estar sempre cuidando dele. Não entendo porque o Saulo não me ama. Não entendo porque o amo. Não... Não... Não...