À fiel companheira
O tempo passa, o tictac do relógio nos envelhece. Há tanto tempo, coisa estranha o tempo, coisa que leva e que traz, mas não traz aqueles que leva, e os que traz também serão levados. Eu não sei, gosta das palavras, parabéns... Das minhas? Não as tenho... O que almejei me negastes, existe melhor forma de criar, dentro do tempo, uma distancia? Sabe, eu não te vejo mais, e tudo pode ter sido um sonho. A realidade não é real, talvez fosse um pesadelo. Não sou uma boa companhia, nem de aproximação, nem de verborragia... Estou tão longe, estou tão pequeno, estou tão comprimido... Meus músculos estão retesos, e respirar tem sido muito difícil, meu coração bate, e eu não tenho nenhuma vontade de atender, ver quem é... Que se vá, que me deixe, seja quem seja, queira dizer seja o que for, tudo isso perdeu a importância, que se vão, meus amigos e minhas amigas são pinturas de uma coisa que não entendo direito, e que está sempre comigo, apesar de ela não falar nada, não sei como, ignorante que sou, como me diz o que diz, mesmo que eu não queira ouvir... Sabe, não estou bem da memória, parece que se chama ela solidão... Fica comigo, fiel companheira, e só. Ela entra sem que eu permita, adentra meu quarto mais escondido sem que eu sinta, de repente parece, mas não é. Ela é muito mais muito velha, já devia ter até se ido, no entanto, sua virtuosidade me espanta, está sempre comigo, quando meu corpo cai, quando se levanta... Quando me encontrar, e quando me perdido, está sempre comigo esta velha composta de muitas negações, e quando a olho, sempre vejo nela aquela tarde, não sei se vai se lembrar, aquela tarde em que você a fez aumentar, e em silencio até agüento os sopapos que ela me dá, mas quando do bates, ela revive, e a dor retrocede, e parece que nunca mais vai parar...
Você não tem nada para me oferecer, eu não tenho nada para te dar...
O tempo escoa, e nós, ingênuos e ignorantes, achamos que somos ainda, assim como os outros, a mesma pessoa...