Carta do amor próprio

Saudações a este amor que tive.

Não vou pedir para que minhas palavras cheguem ao seu coração, nem tampouco exigir que seus olhos se fixem nos meus, tudo o que vou dizer agora é apenas eu, somente meu.

Vou olhar você com a minúcia de quem tenta memorizar uma obra de arte na sua riqueza de detalhes, mas isso não lhe obriga a ficar diante de mim.

Posso correr meio mundo em busca das palavras certas pra te dizer, no intuito de fazê-las suaves e doces aos seus ouvidos, mas nem por isso posso evitar que o seu silêncio rasgue minha carne como se fosse ponta de um arpão.

Ao me entregar a você, vou despir-me não só da roupa mas de toda a decência e pudor não impondo limites nas curvas nem lhe indicar o caminho seguro, posso querer que me sufoque com o ímpeto do seu cálido desejo, me mate de vez em quando ao me levar ao êxtase ou até te matar entre as minhas pernas, porém, ao se recompor e voltar a vida, nada impede que tudo seja apenas uma calorosa lembrança pra você e nada que possa ser exposto ao relevante marasmo vital.

Mesmo compondo poesias e decantos carregadas com a essência do sentimento que me mantém refém, na tentativa de validar tudo que vivemos, materializando através do extremo das minhas mãos tocando o papel e sofisticando-as com a inexprimível memória da paixão, ainda assim, meu amor, nem de longe posso te impor que as leiam e muito menos que traduza seu sentir em tinta.

Posso te amar incondicionalmente, mas isso não vai fazer com que você me ame na mesma intensidade, nem mesmo sei se vai me amar.

Nada posso fazer daqui, do/e alto ou baixo do meu egoísmo insano, não há nada que possa ser feito ou dito, que me faça descer daqui ou subir,na verdade não sei onde estou.

Por não acreditar que existe outra verdade além da minha, por tanto me deparar com as verdades mentirosas que um dia me levaram a morte... Sei que posso estar errada, mas nada me impede de seguir assim, talvez por medo, talvez por culpa, não sei, tudo que vou fazer é sentir assim, sozinha, enquanto você não vem.

Estou na impossibilidade que vida me impôs, 23 de fevereiro de 2009.

Deia Martins
Enviado por Deia Martins em 23/02/2009
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1453487
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