Carta a Vossa Alteza
Escrevo, a vossa alteza, na qualidade de escritor, descendente direto de , Preto Ninguém e Índia qualquer, ambos, filhos desta pátria tropicalística.
Procuro, exercer meu ofício, de modo á relatar, acontecimentos carregados de verdades, presentes em nosso cotidiano, conforme, pediu-me vossa alteza, registro, diariamente a triste realidade de toda esta gente.
Pois bem, vossa alteza, na última carta, ficaste á par de alguns mandos e desmandos, corriqueiros nesta terra além mar.
Hoje, tratarei de um assunto, que mui interessa á toda corte, os desvios de verbas públicas, urgentemente, precisamos tratar de tal questão, visto que os lucros dos impostos, estão vossa alteza, sendo cada vez mais partilhados, restando pouco, deveras pouco para a parte interessada, se é que me entendes!
Gostaria vossa alteza, que enviaste, com intuito investigativo, uma equipe tarimbada, para acabar com esta festa desenfreada.
Consta, inclusive, que sujeitos mais ladinos, costumam, desviar as tais verbas, até de criancinhas, das escolas públicas.
Deixam as pobres á mercê, muitas vezes, sem merenda, tudo em benefício de uma onerosa renda.
Outro importante setor, que sofre com estas mazelas, é o da saúde, hospitais sem estrutura, médicos recebendo aquém de seus esforços, falta de medicamentos, para cuidar até de simples ferimentos.
Estive, em visita, a um destes cruéis abatedouros, e o que vi, vossa alteza, foi descaso, corredores apinhados, de gente, vidas, que no desespero por auxílio,agarram-se a qualquer um que ouse passar, por tais corredores infectos!
Tive, a infortúnia oportunidade, de travar conhecimente de algumas histórias pessoais, como de um tal Sr.Norberto, homem simplório, aposentado, mas ainda perambula pelas ruas vendendo frutas da época, este esforço sobre humano, torna-se necessário, a esposa adoentada, mal consegue caminhar, foi picada pelo tal mosquito, o Aedys Egipty, creio que vossa alteza, já ouviste falar.
Relatava-me o tal sr, que mais de mês, busca ajuda médica, mas difícil por demais, agendar uma consulta, anda dia á dia, carregando a companheira, com esperança ainda, de encontrar a cura verdadeira.
Sim vossa alteza, sei que cada vez, que lhe escrevo, boas novas, inexistem, mas apenas cumpro o dever, ao qual me incunbiste.
Uma outra coisa, que anda pertubando, é a falta de caráter, coisa que o sujeito possui ou não, mas, o problema, vossa alteza, é quando um destes vermes pestilentos, ocupa cargo público, de chefia, até os de baixo escalão, quando acometidos são pela falta de razão, oh, vossa alteza, consideram-se cheios de poder, pergunto-me o que fazer!
Bem, muitos nem ao menos sabem, o que significa, exercer um cargo público, agem em propósitos indisculpavelmente egoísticos, causam-me tais servidores uma enorme repulsa.
Ouve um caso, vossa alteza, onde um destes funcionários, aliou-se a uma tal advogada, safada, desviaram uma fortuna, dos cofres da previdência, aquele dinheiro, que por direito, deveria ser destinado, ao povo aposentado.
Enquanto isto, vossa alteza, o Sr. Norberto, aquele que citei, perambula dia á dia, sem chegar ao fim da fila!
Creio, ser imprescindível, sua vinda para cá, as coisas, vão de mal á pior, que tal se vossa alteza, se designasse, á percorrer o país, ver de perto o que relato, e desculpe-me, a intromissão, mas política exterior, é de fato primordial, mas política interna, essêncial.
A, perdoe-me vossa alteza, mas como vai, sua Rainha, soube, que anda se reformulando, aproveitando novas técnicas vindas de fora, para melhorar a estética facial.
Quem sabe, assim que acabar o intento, possa a sua amabilíssima Rainha, de repente, engajar-se, em projetos sociais, cumprir sua função de Rainha, vir a ter com o povo.
Soubeste vossa alteza, que houveram Rainhas, mui agilizadas, dentre elas uma tal Rute Cardoso, que alma inesquecível, deixou um legado, cumpriu seu dever de Rainha e cidadã, quem sabe a vossa Rainha, poderia ler algo á respeito, talvez lhe falte inspiração!
Bem vossa alteza, vou parando por aqui, mas aproveito para advertir, leia esta carta, com muita atenção, só para depois, não corra seu humilde servo, o risco de ser castigado, por não haver lhe avisado.
Afinal, vez ou outra, dizem por aqui, que concedes audiências, nas quais, insiste em dizer "Que nada sabia".
Sem mais, vossa alteza peço desculpas, por excessos cometidos, no decorrer de tal relato, desejo de fato, que tome conhecimento dos absurdos registrados, despeço-me, com forte sentimento, mas não posso perder tempo, preciso sair agora, afinal a vida lá fora, espera alguém de olhos atentos, para ser contada, em cartas como esta.
Saudações a Vossa Alteza e a mui prestativa Rainha.