JOÃO CAETANO - Por um teatro genuinamente brasileiro

JOÃO CAETANO

Por um teatro genuinamente brasileiro

O ator, diretor e produtor teatral João Caetano dos Santos é considerado o verdadeiro fundador da cena teatral brasileira. O Brasil tinha declarado a Independência havia poucos anos e João Caetano, que se tornara muito popular, decidiu criar uma companhia teatral apenas com atores brasileiros. Produzindo e estrelando montagens de textos clássicos, mas também de jovens autores brasileiros, levou ao palco peças de Martins Pena e de Joaquim Manuel de Macedo, viajando o país e o exterior, reconhecido por seu talento.

O local e a data de nascimento de João Caetano são alvo de polêmica. A tradição e as principais fontes afirmam que o ator nasceu em 27 de janeiro de 1808, na cidade de Itaboraí-RJ. No entanto, o romancista e biógrafo Joaquim Manoel de Macedo, itaboraiense ilustre – que teria motivos para se vangloriar de um conterrâneo famoso, não o faz. Afirma em seu “Anno Biographico Brazileiro” que João Caetano teria nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1808.

Fato é que a estreia teatral profissional de João Caetano teria, esta sim, teria acontecido em Itaboraí, no papel de Carlos, da peça “O Carpinteiro da Livônia”, (que, para Macedo, testemunha ocular do fato, teria ocorrido em 24 de abril de 1827). Antes, porém, João Caetano, filho de D. Joaquina Maria Rosa e do capitão João Caetano dos Santos, foi uma criança agitada, que não chegou a completar o ensino primário. Aprendia fácil, mas não tinha paciência para o sistema de ensino da época.

Posteriormente, alistou-se no Batalhão do Imperador e combateu na Guerra Cisplatina, destacando-se em combate. Em 1827, sob oposição dos pais, deixou o exército para se dedicar a uma paixão: o teatro. Na condição de galã, ingressou em uma companhia teatral que iria se estabelecer em Itaboraí naquele ano, atuando em um teatro improvisado. A companhia não duraria muito, mas João Caetano entraria para o Teatro São Pedro, em um grupo quase totalmente de atores portugueses, onde obteve pouco espaço.

Em 1833, o ator decide criar a própria companhia – a Companhia Nacional João Caetano – totalmente composta por atores brasileiros, que buscava levar a independência também para a arte dramática. Nela, exercia também as funções de empresário e diretor, auxiliado por sua esposa, a atriz gaúcha Estela Sezefreda. O talento dramático de João Caetano, especialmente sua vocação para papéis grandiosos e trágicos, ajudou a consolidar a ideia de uma identidade teatral brasileira.

João Caetano publicaria dois livros sobre o trabalho do ator – certamente, os primeiros livros do gênero produzidos no Brasil. “Reflexões Dramáticas” (1837) e, principalmente, “Lições Dramáticas” (1862) demonstram a modernidade do ator, que, em muitos pontos, antecipava pontos da composição do personagem que seriam estabelecidos por Constantin Stanislavski.

Ao longo da carreira, seu sucesso rendeu-lhe o apelido de "Talma Brasileiro", referência ao ator francês. João Caetano enfrentou revezes, como incêndios em teatros que administrava (e precisou reconstruir), e morreria em dificuldades financeiras, a 24 de agosto de 1863. Em várias cidades brasileiras há teatros com seu nome, inclusive a própria Itaboraí, a primeira cidade a fazê-lo, celebrando sua carreira e seu legado.