PAULINHO REZENDE
A poesia inconfundível de um “operário da arte”

 

(Texto de 1993)

   O mais itaboraiense dos poetas cariocas – talvez pudesse ser definido assim o compositor Paulinho Rezende, autor de uma respeitável lista de sucessos da MPB nos últimos 18 anos e que adotou Itaboraí como “terra natal”. Uma pessoa sensível, alguém que entre um chopp e outro conta histórias e escreve versos.
   Este carioca de origem simples e 44 anos hoje, nascido em 25 de novembro de 1949, é um dos mais respeitados compositores da MPB e mantém algumas marcas invejáveis. Desde que entrou na parada de sucessos, em 1975, com a música “O surdo”, interpretada pela “marrom” Alcione, ele não saiu mais, deixando sempre uma música entre as 100 mais executadas. Outra, tão importante quanto, é a de ser um dos autores da música que ficou mais tempo em primeiro lugar na parada nos últimos 10 anos, “Nuvem de Lágrimas”, que virou sucesso na voz de Fafá de Belém.
   Dentro da sua modéstia e simplicidade, Paulinho diz que não se poderia chamar de poeta. “Sou apenas um homem que gosta de fazer versos, um operário da poesia que não tem pretensões de ser gênio”. Mas ele não se furta em dizer que tem “estrela”, por ter tomado consciência, ainda muito criança, de que queria fazer música. “Acho que o espírito do compositor já existia antes do meu nascimento”, diz.
   Paulinho é um compositor “compulsivo”. Sua carreira começou ainda no colégio interno em Campos, onde ele cantava com um grupo de amigos. Ao voltar para o Rio, saiu pelas casas noturnas pedindo uma chance. E seguiu por alguns anos cantando na noite até descobrir sua verdadeira paixão – a composição.
   “Fiquei muito mais fascinado com o fato de escrever, de criar, do que de cantar”, afirma, “era algo que me gratificava muito mais”. Mas nem tudo foram flores no caminho do compositor Paulinho Rezende – já que no Brasil, o compositor tem que ser antes de tudo um forte e conviver com o anonimato, muitas vezes, ou com os problemas de direito autoral noutras. “Pensei várias vezes em desistir, mas minha mulher, Marinete, me dava força. Se hoje tenho tranquilidade e sucesso, devo tudo a ela”, diz o poeta, em um tributo a sua “companheira de viagem”.
   Compositor versátil, Paulinho navega em vários mares – tem músicas gravadas por nomes do samba, como Alcione, mas transita muito bem hoje pelo sertanejo, com músicas na voz de Leandro e Leonardo e Fafá de Belém, tem canções gravadas por Elba Ramalho, Emílio Santiago e vários outros. Compõe jingles publicitários e é autor da letra do Hino de Itaboraí. Agora, espera o estouro de uma de suas músicas com o parceiro Paulo Debétio na voz de Elimar Santos, em seu novo disco.
   Paulo Debétio, aliás, é uma página especial na vida de Paulinho Rezende. Parceiros e compadres, eles têm perfeita integração e decidem suas composições até por telefone. Diretor da gravadora Continental, Debétio é a música de Rezende, e um importante contato com os artistas que transformam suas composições em sucesso.

 

(Parte da coletânea ITABORAÍ, TANGUÁ E REGIÃO (2), em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)

 

(Resgatando textos antigos publicados na imprensa. Publicado na REVISTA DAS DEBUTANTES, da Saraiva Promo.Art, de 1993, quando a filha de Paulinho Rezende, Paula, estava debutando.)