O poeta que decidiu contar histórias (parte 3)
Continuando a saga do Poeta que Decidiu Contar Histórias, olha só que coincidência: minha filha Alexia começou a escrever as letras de músicas que ela ouve no rádio, e por ironia do destino, ela também inventa suas versões, exatamente da forma como eu contei que fazia no episódio anterior desta emocionante saga.
Então minha esposa Andressa e eu decidimos dar a ela um bloco de folhas de fichário e uma pasta de arquivo, daquelas de escritório, pra que ela possa organizar suas ideias.
Alexia e Alexander têm mostrado veia artística. Eles vivem inventando histórias, rimando palavras, parodiando canções e inventando melodias. Ainda se amarram também em coisas de artesanato, do "do it yourself", herdado da Andressa.
Há alguns meses atrás já publiquei aqui nesse site "Guerra & Paz, Parte 3", dedicado especialmente pros meus filhos. Minha filha disse que esse seria o título de um livro que ela estava escrevendo, que um tempo depois, descobri que era mais ou menos o nome de um livro chatíssimo de Tolstói, que o Minduin tinha que ler pra escola, num clássico episódio de Snoopy. Minha humilde versão não é um romance, não fala sobre a guerra, e sim sobre essa criatividade linda das crianças, e a habilidade heróica de transformar qualquer coisa inútil em algo bom pra brincar, transformando qualquer catástrofe em esperança.
Sinceramente, creio que toda a criança tem esse talento. Todos nós o possuímos na nossa infância primeira e, em algum lugar do passado, ao entrar em contato com as realidades, de alguma forma o mundo se torna mais forte que aquelas coisas que nutrimos no peito e esse mundo nos devora, nos tornando frios, caretas e sem criatividade.
Tenho observado que, frequentemente, pessoas da minha geração visitam minha página e se lembram que em algum momento de suas vidas escreveram pequenos poemas, e se permitiram, pela literatura ou outra forma artística, usar sua imaginação. Infelizmente isso fica sempre pra trás. Ou quase sempre.
No meu caso, a poesia persiste. Às vezes por meio de novas canções, noutras pela poesia ou pela prosa. Talvez por minha timidez, ou por meu modo de pensar não muito padronizado, com poucas afinidades possíveis. Por eu não ser muito bom no debate, por essa mania de querer sempre pensar muito antes de falar, acabo sempre deixando pra depois, e é quando as ideias crescem na cabeça quase me obrigando a fazer algo melhor. Às vezes não sai nada, noutras tantas só sai lixo, mas dessa necessidade quase fisiológica, entre possíveis escrementos, às vezes pode sair até uma flor. E assim vou seguindo, entre brancos criativos e primaveras poéticas.
E olha aí... vim fazer uma visita na casa da minha mãe e graciosamente reencontrei minha pasta vermelha já citada na Parte 2 e seguem fotos dessa raridade como um auxílio luxuoso dessa viagem pela incrível história do Poeta que Decidiu Contar Histórias. Até breve.