LEE FALK
Sucesso entre mágicos e espíritos que andam
Bastaria um personagem de sucesso para que Lee Falk se tornasse famoso, especialmente por ter surgido ainda antes da chamada geração que popularizou definitivamente os quadrinhos. Mas Lee Falk, alguns anos mais velho do que Stan Lee e Will Eisner, por exemplo, deu vida aos memoráveis Mandrake, um mágico que combate o crime, e O Fantasma, o Espírito que Anda, que enfrenta os perigos da selva em trajes de super-herói. Os dois personagens, e seus ótimos coadjuvantes, ocuparam as tirinhas dos jornais por pelo menos seis décadas, e chegaram ao cinema e à TV.
Nascido em Saint Louis, cidade norte-americana do estado do Missouri, em 28 de abril de 1911, Leon Harrison Gross já trabalhava com a ideia de um mágico combatente do crime durante a adolescência, quando desenvolveu seu talento para o desenho e para o roteiro. Envolvido com a escrita e os jornais desde a escola – quando colaborava para as publicações estudantis com poemas, contos e artigos – Falk se formou na Universidade de Illinois.
Quando passou a oferecer trabalhos para o King Features Syndicate, de Nova Iorque, Lee Falk apresentou e aprovou suas ideias mais originais: Mandrake (1934) e O Fantasma (1936). A partir daí, para produzir diariamente tramas interessantes, que pudesse prender a atenção do leitor, Lee Falk encontrou a parceria do ilustrador Phil Davis, que deu assumiu o traço de Mandrake. Em 1965, com a morte de Phil Davis, Falk entregou o desenho de Mandrake a Fred Fredericks, que continuou produzindo por mais de 30 anos. Habitante de Xanadu, Mandrake é noivo da princesa indiana Narda e conta sempre com sempre com o amigo Lothar. Chegou ao cinema ainda na década de 1930, com uma série de 12 episódios.
No caso de O Fantasma, que foi vendido ao King Features Syndicate na esteira do sucesso de Mandrake, Falk produziu os primeiros números, por duas semanas, e depois contou com vários desenhistas ao longo dos anos, como Ray Moore, Wilson McCoy e Bill Lignante. O Fantasma Kit Walker, que surge nas primeiras histórias de Lee Falk, é um justiceiro, 21º integrante de sua família a envergar a roupa púrpura e o anel de caveira. É apaixonado por Diana Palmer. Outras "encarnações" do Fantasma ganharam vida nos quadrinhos. Um filme de 1996, com Billy Zane no papel principal, não chegou a empolgar.
Em 1986, um desenho animado futurista, os "Defensores da Terra", trouxe Mandrake e Fantasma em uma mesma equipe, ao lado de outra lenda dos quadrinhos, Flash Gordon. A aventura apresentou os personagens a uma nova geração. A dedicação de Falk aos seus personagens, especialmente para alguém que escreveu inúmeros livros e peças de teatro, além de ter sido um importante produtor teatral, foi realmente tocante. Mesmo em seus últimos dias, já aos 87 anos, quando estava internado em estado terminal, Lee Falk ainda ditava as histórias do Fantasma para sua esposa, Elizabeth.
Em 13 de março de 1999, o artista morreu, vítima de problemas cardíacos, mas há quem diga que seu espírito ainda perambula pela costa de Bengala, onde o Fantasma viveu suas histórias.
(Parte da coletânea FERAS DOS QUADRINHOS, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)