EDGAR RICE BURROUGHS
Da selva africana às planícies de Marte
O que ligaria um autor norte-americano às selvas africanas, ou à alta nobreza da Inglaterra? Ou, ainda, o que essa combinação teria a ver com alienígenas e aventuras no planeta Marte? Para o escritor Edgar Rice Burroughs, nascido em Chicago, unir em um mesmo universo literário assuntos díspares e exóticos seria a fórmula do sucesso. Isto e, é claro, a criação de personagens inesquecíveis, que personificaram os efeitos do choque de culturas: Tarzan, o Rei das Selvas, e John Carter, um humano em Marte.
Nascido em 01 de setembro de 1875, Burroughs era filho de um empresário bem sucedido, o que lhe permitiu uma ótima formação – primeiro na Phillips Academy, em Massachusetts, de onde acabou sendo expulso, e na Michigan Military Academy. Por quase quinze anos, tentou repetir a história de sucessos do pai nos negócios – fracassando fragorosamente. Teve vários empreendimentos mal sucedidos e não parava em empregos. Casado, pai de três filhos, por volta de 1910, começou a escrever profissionalmente.
Se Tarzan, a criança nascida em família nobre da Inglaterra, criada por macacos na selva africana, foi sua criação mais famosa, foi pelo planeta Marte que Burroughs começou sua viagem literária, com o conto "Sob as luas de Marte". A história, que alguns anos mais tarde seria a base do romance "A Princesa de Marte" (1917), primeira aventura do herói John Carter, foi publicada pela revista The All-Story, em 1912. A partir daí, Edgar Rice Burroughs se tornou escritor profissional em tempo integral.
Tarzan, no entanto, foi a estrela do primeiro romance de Burroughs – “Tarzan dos macacos”, lançado em 1914. Logo, o escritor percebeu que tinha uma mina de ouro nas mãos. O romance parecia ter sido feito sob medida para aquele período, em que logo se iniciaria a 1ª Guerra Mundial e os leitores buscavam livros como entretenimento escapista. Foram 26 livros, com traduções em mais de 50 idiomas.
Ao mesmo tempo, o cinema viu no herói a possibilidade de sucesso. Com nadador campeão olímpico Johnny Weissmuller no papel de Tarzan, a MGM produziu uma dúzia de filmes do herói, a partir de 1929. Nos anos 1950 e décadas seguintes, Tarzan foi adaptado para a TV. Filmes modernos, como “Greystoke” (1984) e “A Lenda de Tarzan” (2016), e a adaptação da Disney, de 1999, mantiveram a presença do personagem na cultura pop.
John Carter, humano do início do século XX levado a Barsoom (Marte) através de um portal, teve menos repercussão mundial, mas é citado como referência por uma série de grandes autores da geração de ouro da ficção científica. O herói esteve presente em mais de uma dúzia de livros, como "As peças de xadrez de Marte" (1922) e “Os espadachins de Marte” (1936), mas a adaptação cinematográfica de 2012 foi um fracasso.
Burroughs explorou a ficção científica, escrevendo romances que se passam em Vênus e na Lua, mas também publicou romances históricos e faroestes. Foi, também, correspondente do Los Angeles Times durante a 2ª Guerra Mundial. Morreu em 19 de março de 1950, na Califórnia. Em 2003, foi incluído no Hall da Fama da Ficção Científica.
(Parte da coletânea ESCRITORES DE SCI-FI, FANTASIA E AFINS, de William Mendonça. Direitos reservados.)