KEITH MOON
O inimitável baterista do The Who

 

   Dono de um estilo único, que se provou inimitável mesmo mais de quatro décadas depois de sua morte, o baterista Keith Moon preenchia e definia a sonoridade do The Who com doses de energia que beiravam o limite do absurdo, nos álbuns de estúdio e apresentações ao vivo. A performance catártica, que terminava invariavelmente com a destruição da bateria, se tornou marca registrada da banda, mas também cobrou seu preço.
   Nascido em 23 de agosto de 1946, em Wembley, Keith John Moon era um adolescente de 17 anos quando conquistou sua vaga na banda que o tornaria famoso. Fã de surfmusic, Moon já tinha experiência, ao tocar em bandas de Wembley. Foi integrado ao The Who após uma audição, em 1964, pouco antes de a banda decolar. Desde o single “I Can’t Explain” (1965), o baterista foi o motor do The Who, com viradas que contrastavam com os acordes do guitarrista Pete Townshend.
   Autodeclarados “a banda mais barulhenta do rock”, os integrantes do The Who fizeram com que a banda, que se encaixava na cena mod inglesa, se tornasse precursora do movimento punk – que só viria à tona uma década mais tarde. O grupo colecionou singles de sucesso ao longo da década de 1960, como "Substitute" e "Happy Jack" (1966), "I Can See For Miles" (1967) e "Magic Bus" (1968). Em 1969 surge seu primeiro álbum conceitual, a ópera-rock “Tommy”.
   Keith Moon tinha um grande entrosamento com o baixista John Entwistle. Mesmo com mudanças na sonoridade da banda, ao longo da década de 1970, com álbuns como “Who’s Next” (1971), “Quadrophenia” (1973), “The Who by Numbers” (1975) e “Who Are You” (1978), último trabalho do baterista, Keith Moon se destacava. Entwistle declararia que nunca vira um baterista tocar como seu colega de banda.
   Ao longo da carreira, foram muitas brigas e confusões – inclusive com integrantes do próprio The Who. O vocalista Roger Daltrey chegou a ser afastado da banda, em 1965, depois de espancar o baterista numa turnê, mas acabou reintegrado um mês depois. O episódio acabou legando uma certa distância entre os dois na vida pessoal, mas o próprio Daltrey deixou claro que Moon era insubstituível, o que fez com que a banda não se acertasse com outro baterista.
   Espírito contestador, conhecido por sua excentricidade e pelas brincadeiras de mau gosto, Keith Moon era uma personalidade que se entregava aos excessos. Enfrentou vícios em drogas e álcool. Em 1970, ao sair de um pub londrino, ele atropelou seu próprio motorista, Neil Boland, que tinha deixado o carro para tentar conter um tumulto com fãs. Moon assumiu o volante e dirigiu por quilômetros, até descobrir que havia arrastado o amigo, sob o veículo. Sua frágil saúde mental não se recuperou, mergulhando cada vez mais no alcoolismo.
   Teve diversas colaborações com outros artistas e, em 1975, lançou seu único álbum solo, "Two Sides of the Moon", em que assumiu os vocais, deixando a bateria para nomes como o amigo Ringo Starr. Em 07 de setembro de 1978, o baterista morreu após uma overdose acidental de um remédio para tratar o alcoolismo.

 

(Parte da coletânea LENDAS DO ROCK, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)