FREDDIE MERCURY
A rapsódia de uma estrela do rock
Quando Farrokh Bulsara mudou-se com a família para a Middlesex, em Londres, em 1964, refugiando-se da Revolução Civil de Zanzibar, na Tanzânia, sua terra natal, poucos poderiam apostar em sua trajetória de sucesso e brilho nos palcos, a não ser ele próprio – que em seu íntimo e seus sonhos já era Freddie Mercury. O imigrante com talento para as artes, cheio de autoconfiança, nas décadas seguintes escreveria uma das páginas mais eloquentes do rock, junto aos seus companheiros no Queen.
Nasceu em 05 de setembro de 1946, filho de Bomi e Jer Bulsara, que faziam parte da etnia parsi zoroastriana. O casal, que era de Guzerate, na Índia, mudara-se para Zanzibar, então uma colônia britânica. Freddie começou seus estudos de piano na St. Peter Boarding School, em Bombaim, na Índia, para onde foi mandado pelos pais aos oito anos. Lá ganhou o apelido que levaria por toda a vida e chegou a montar sua primeira banda.
Quando a família chegou a Londres, Freddie ingressou na Ealing Technical College and School of Art, onde estudou Design Gráfico. Nessa época, aumentou seu envolvimento com a música e a moda, duas paixões. Cantou em bandas locais, até que o baixista Tim Staffell, colega de faculdade, o apresentou aos seus companheiros na banda Smile: o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor.
Quando, em 1970, Tim Staffell deixou o grupo, Mercury, May e Taylor renomearam a banda como Queen. O novo baixista, o sempre discreto John Deacon, juntou-se ao grupo, que sempre apoiou em Freddie Mercury a maior parte das decisões criativas – como na escolha da longa e operística “Bohemian Rhapsody” como música de trabalho do álbum “A Night At The Opera” (1975).
No entanto, é na voz de extensão e potência singulares, nas composições e na presença de palco que reside o verdadeiro fascínio de Freddie Mercury, algo que não se perdeu ao longo das várias fases da banda. O grupo lançou “Queen” (1973) e “Queen II” (1974), mas só chamou a atenção com "Sheer Heart Attack", de 1974, que trazia o sucesso "Killer Queen".
A partir daí, o Queen emplacou dois álbuns conceituais que se complementam, "A Night At The Opera" (1975) e "A Day At The Races" (1976), verdadeiro desfile de sucessos. Em pouco tempo, só era possível assistir a banda em estádios, com milhares de pessoas. Freddie Mercury hipnotizava o público, que repetia seus vocalizes e cantava os refrões em uníssono. Freddie iniciou uma carreira solo, chegando a se afastar do Queen, em meados dos anos 1980, mas retornou em grande estilo na apresentação mítica durante o festival beneficente Live Aid, em 1985.
Nesta mesma época, o cantor descobriu ter contraído o HIV – algo que só revelaria ao público um dia antes de sua morte. Nos anos seguintes, sua saúde se debilitou, mas ainda gravaria três álbuns e o material do póstumo “Made In Heaven” (1995). Freddie passaria os últimos dias recluso, ao lado do companheiro Jim Hutton e de Mary Austin, sua eterna amiga. Morreu em 24 de novembro de 1991, vítima de uma broncopneumonia decorrente da AIDS.
(Parte da coletânea LENDAS DO ROCK, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)