DANIEL AZULAY
1, 2, 3 - Algodão doce pra vocês!

 

   Entre as mais de 700 mil vítimas da pandemia de Covid-19 no Brasil estava Daniel Azulay, um artista plástico, músico e educador que incentivou toda uma geração de crianças e jovens a desenhar e usar a criatividade – certamente, um dos primeiros arte-educadores a usar a potência da televisão para isso. Com ele, e sua Turma do Lambe-Lambe, a geração que cresceu nas décadas de 1970 e 1980, aprendeu a desenhar e nunca vai esquecer o bordão "1, 2, 3 - Algodão doce pra vocês!".
   Carioca, nascido em 30 de maio de 1947, Daniel Azulay era um desenhista autodidata. Mesmo formado em Direito, em 1969, foi com os quadrinhos e a criação de seus personagens que deu vida aos sonhos de uma criança muito criativa. Começou a publicar as primeiras histórias em quadrinhos pouco depois de se formar e, como era de se esperar de um artista, seguiu o rumo do coração. 
   Desde o início, Azulay foi um dos primeiros artistas a destacar em seu trabalho temas como a sustentabilidade e o meio ambiente. Sua principal criação, a Turma do Lambe-Lambe, surgiu em 1975, apresentando inicialmente nos quadrinhos e depois na TV personagens como o Professor Pirajá, Damiana, Pita, Gilda, Piparote e Xicória. Era contando as histórias dessa turma que Daniel Azulay apresentava às crianças os fundamentos do desenho e da música – já que o desenhista era também violonista, cantor e autor da trilha sonora de seus programas.
   O programa “A Turma do Lambe-Lambe”, teve um público fiel em emissoras como a TV Educativa e a Band, chegando a ficar quinze anos consecutivos no ar. Posteriormente, na Band, também apresentou seu programa "Oficina de Desenho Daniel Azulay", no final da década de 1990. Entre 2003 e 2005, a Turma do Lambe-Lambe tinha um quadro no programa TV Rá-Tim-Bum, na TV Cultura. O cartunista também chegou a fazer o programa "Azuela do Azulay", no Canal Futura.
   Seus personagens ganharam as páginas de livros, revistas, álbuns de figurinhas e diversas atividades educativas, mas a influência do artista não parou por aí. Em 1989, criou a Oficina de Desenho Daniel Azulay, curso presencial que oferece o Método Daniel Azulay de arte educação, cursos de história em quadrinhos, mangá e formação para testes de habilidade específica (THE) para quem prestará exames para carreiras como Arquitetura e Artes Plásticas.
   Sempre envolvido com causas sociais, Daniel Azulay também emprestou seu talento à campanha de conscientização contra o uso de álcool ao volante. Os personagens “Soprinho e sua Turma” foram criados para ampliar o impacto da Operação Lei Seca do Rio de Janeiro também para o público infantil – informar as crianças para conscientizar os pais. 
   Em março de 2020, no início da pandemia de Covid-19, quando ainda não havia vacinas ou tratamento conhecido, Daniel Azulay lutava contra a leucemia. O artista contraiu o coronavírus e ficou internado por duas semanas em uma clínica na Zona Sul do Rio. Morreu em 27 de março de 2020, aos 72 anos. O artista foi homenageado em 2022, com uma série de selos dos Correios, e seu curso permanece em atividade.

 

(Parte da coletânea FERAS DOS QUADRINHOS, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)